Você sabia que a deficiência de vitamina D logo após o nascimento pode estar associada a transtornos como autismo, esquizofrenia e TDAH? O Dr. Victor Sorrentino (CRM-RS 28606 / CRM-SP 168092), médico, professor e palestrante, alertou sobre esse risco com base em um estudo publicado no periódico científico The Lancet Psychiatry.
Com dados de quase 72 mil indivíduos acompanhados desde o nascimento, a pesquisa demonstrou que níveis adequados de vitamina D no início da vida podem reduzir significativamente o risco de distúrbios neuropsiquiátricos. Para o médico, ignorar essa evidência é uma forma de negligência da medicina moderna.
Qual é a relação entre vitamina D e o desenvolvimento cerebral?
O estudo citado pelo Dr. Victor mostra que a deficiência de vitamina D no período neonatal está ligada a maior risco de transtornos como esquizofrenia, autismo e TDAH. A pesquisa utilizou métodos robustos, como análise genética e randomização mendeliana, para fortalecer a inferência causal.
Segundo o médico, esse dado reforça o que a medicina integrativa já aponta há décadas: a nutrição nas janelas críticas da vida, especialmente o período perinatal, tem impacto direto na formação neurológica. E, apesar de não haver causalidade absoluta, os resultados são consistentes o bastante para guiar políticas públicas.
Quanto a vitamina D reduz o risco desses transtornos?
De acordo com o estudo, níveis adequados de vitamina D no nascimento foram associados a uma redução de 18% no risco relativo de esquizofrenia (RR 0,82), 11% no risco de TDAH (RR 0,89) e 7% no risco de autismo (RR 0,93). A proteína DBP, que transporta a vitamina D, também demonstrou efeito protetor.
Esses números, embora moderados, têm impacto significativo em saúde pública. A deficiência de vitamina D é comum, inclusive em gestantes. O Dr. Victor questiona por que obstetras ainda não tratam sua monitorização com a mesma seriedade que outros parâmetros, como glicemia e pressão arterial.

Por que isso ainda não é amplamente discutido na medicina?
Para o Dr. Victor, existe um abismo entre a ciência disponível e as práticas clínicas adotadas. Segundo ele, a ausência de lobby e o apego a modelos convencionais contribuem para o atraso na implementação de estratégias preventivas com vitamina D.
Ele critica o fato de que, na prática médica tradicional, se espera o aparecimento de sintomas para, só então, iniciar tratamento com medicação pesada. Quando o cérebro já está em sofrimento, entra-se com rótulos e psicotrópicos, em vez de prevenir desde a origem.
A suplementação de vitamina D pode prevenir todos os casos?
Não. O Dr. Victor deixa claro que a vitamina D não é uma solução mágica ou causalidade isolada, mas sim um fator acessível, mensurável e modificável, que pode ser incorporado à estratégia de prevenção. O cérebro e o corpo não são estruturas independentes.
Ele reforça que a medicina integrativa trabalha há décadas com o conceito de que o que acontece no útero repercute por toda a vida. Ignorar esse princípio por medo de contrariar protocolos é, segundo ele, uma postura imprudente e limitante.
O que dizem os órgãos e evidências científicas?
A OMS e o Ministério da Saúde reconhecem a importância da vitamina D, especialmente em gestantes e crianças. Revisões sistemáticas anteriores já apontaram a associação entre baixos níveis de vitamina D e prejuízos no desenvolvimento neurocomportamental, reforçando os achados atuais.
Estudos como os de Wang (2020) e Strom (2014) já haviam encontrado impactos comportamentais e estruturais em crianças com deficiência da vitamina D. Mesmo assim, a adoção ampla desses dados na prática médica segue lenta e cercada de resistência.
Fontes confiáveis:
The Lancet Psychiatry – https://www.thelancet.com/journals/lanpsy
Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude
Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
PubMed – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
Sociedade Brasileira de Pediatria – https://www.sbp.com.br
Ignorar uma janela crítica é negligência, não prudência
Dr. Victor Sorrentino faz um alerta direto: não se trata de vender suplementos, mas de reconhecer a importância de fatores acessíveis como a vitamina D. O cérebro começa a se formar antes do nascimento, e esse processo exige atenção desde o pré-natal.
O custo de medir e suplementar é pequeno perto do custo de seguir ignorando. A ciência já aponta o caminho — o que falta é coragem para aplicá-la com consciência, antes que o dano esteja feito. Medicina de verdade se faz com cérebro e compaixão.