A relação entre alimentação e enxaqueca é cada vez mais evidente, e muitas pessoas percebem que determinados alimentos podem desencadear crises. O Dr. Alexandre Feldman (CRM-SP 59046), médico, palestrante e autor com foco em enxaqueca, explicou em seu perfil @enxaqueca que alguns alimentos realmente funcionam como gatilhos.
Segundo ele, a sensibilidade a certos ingredientes varia de pessoa para pessoa, mas há padrões comuns, especialmente entre produtos industrializados, refinados ou que contenham aditivos. Entender esses gatilhos pode ajudar no controle das crises.
Alimentos podem causar crise de enxaqueca?
Sim. De acordo com o Dr. Feldman, há pessoas que relatam dor de cabeça após consumir itens como vinho tinto, salsicha ou queijos curados. Isso acontece porque esses alimentos contêm substâncias como sulfitos, tiramina e nitritos, que podem interferir no equilíbrio neuroquímico do cérebro.
Ele destaca que a enxaqueca é uma condição com múltiplos fatores e que os alimentos podem atuar como gatilhos, dependendo da predisposição individual. Por isso, não existe uma lista universal: cada organismo reage de forma diferente.
Por que a resposta alimentar varia de pessoa para pessoa?
A sensibilidade alimentar está ligada à bioquímica individual, genética e estado inflamatório do organismo. Enquanto algumas pessoas toleram bem certos ingredientes, outras desenvolvem respostas neurovasculares que culminam na dor.
O Dr. Feldman reforça que não é possível prever com precisão qual alimento causará crise em cada pessoa. A única forma de descobrir é observando o próprio corpo, preferencialmente com apoio de um profissional de saúde.
Quais alimentos são considerados gatilhos comuns?
Os mais citados em estudos e relatos clínicos são os alimentos processados, embutidos (como salsicha e presunto), queijos envelhecidos, chocolates, bebidas alcoólicas (principalmente vinho tinto) e alimentos ricos em aditivos químicos.

Esses produtos podem conter substâncias como glutamato monossódico, aspartame e nitratos, que interferem na liberação de neurotransmissores e vasos sanguíneos cerebrais. Eles não são a causa da enxaqueca, mas podem facilitar seu aparecimento.
Existe uma explicação neuroquímica para esse processo?
Sim. A enxaqueca é resultado de um desequilíbrio neuroquímico que afeta a regulação da dor, os vasos cerebrais e os neurotransmissores como serotonina. Certos alimentos provocam reações que favorecem esse desequilíbrio, como liberação excessiva de dopamina ou alterações vasculares.
Esse mecanismo é descrito em estudos que analisam como a tiramina e os nitritos atuam no cérebro de pessoas suscetíveis. Por isso, controlar a alimentação pode ser um recurso eficaz de prevenção para muitos pacientes.
O que dizem os especialistas e órgãos de saúde?
A American Migraine Foundation e a Sociedade Brasileira de Cefaleia reconhecem que o controle alimentar é parte essencial do manejo da enxaqueca. Eles recomendam o uso de diários alimentares para identificar padrões individuais e reduzir os gatilhos.
Além disso, orientam que qualquer mudança na dieta seja feita com acompanhamento médico, evitando restrições excessivas. O foco deve estar em promover equilíbrio, anti-inflamação e autoconhecimento do paciente.
Fontes confiáveis:
Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude
American Migraine Foundation – https://americanmigrainefoundation.org
Sociedade Brasileira de Cefaleia – https://www.sbce.org.br
Hospital Israelita Albert Einstein – https://www.einstein.br
Harvard Health Publishing – https://www.health.harvard.edu
Entender o que te faz bem é o primeiro passo
O principal ensinamento do Dr. Feldman é claro: não existe uma regra única para todos. O que desencadeia enxaqueca em uma pessoa pode não afetar outra. Por isso, autoconhecimento é uma ferramenta poderosa na prevenção das crises.
A melhor forma de cuidar da alimentação nesses casos é observar, testar com orientação profissional e construir uma rotina que respeite a individualidade do seu corpo. Assim, comer deixa de ser um risco e volta a ser prazer e saúde.