Muita gente conhece o paracetamol, a dipirona ou o ibuprofeno como remédios para dor de cabeça, mas desconhece que existem mais de 10 categorias diferentes de medicamentos para a enxaqueca. O Dr. Alexandre Feldman (CRM-SP 59046), médico, palestrante e autor especializado no assunto, explicou em seu perfil @enxaqueca como cada classe atua no controle da crise.
Segundo ele, há opções desde os analgésicos tradicionais até as mais modernas moléculas de ação cerebral, como os gepants e os anticorpos monoclonais. Conhecer as opções é essencial para um tratamento eficaz e seguro.
Quais medicamentos são mais usados no início da dor?
Os analgésicos simples, como a dipirona e o paracetamol, são normalmente as primeiras escolhas. Também fazem parte os anti-inflamatórios não hormonais, como ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno, amplamente utilizados nas crises leves a moderadas.
Apesar de acessíveis, esses medicamentos não são eficazes para todos os casos. Em crises mais intensas ou frequentes, o uso contínuo pode causar dor por excesso de medicação. Por isso, a recomendação é sempre buscar orientação médica.

O que são triptanos e para quem eles funcionam?
Os triptanos são fármacos desenvolvidos especificamente para a enxaqueca. Incluem substâncias como sumatriptano, rizatriptano, naratriptano, eletriptano e outros. Eles atuam diretamente nos receptores de serotonina, aliviando a dor e outros sintomas como náuseas e sensibilidade à luz.
São indicados para quem não responde bem aos analgésicos comuns. No entanto, não são recomendados para pessoas com problemas cardíacos ou histórico de AVC, já que podem causar vasoconstrição. Devem ser usados com prescrição médica e controle rigoroso.
Existem novos medicamentos além dos triptanos?
Sim. O Dr. Feldman destaca os ditanos e os gepants como novas classes. Os ditanos, como o lasmiditan, são usados para crise aguda e têm ação cerebral, sem causar vasoconstrição. Já os gepants, como ubrogepant e rimegepant, são antagonistas do CGRP — substância envolvida na dor da enxaqueca.
Esses medicamentos representam avanços no tratamento por serem mais seguros para quem tem contraindicação aos triptanos. São indicados por especialistas em cefaleia e, embora mais recentes, já demonstram bons resultados clínicos.
Qual o papel dos anticorpos monoclonais no tratamento?
Os anticorpos monoclonais são usados principalmente na prevenção da enxaqueca. Entre eles estão o eptinezumabe e outros medicamentos que bloqueiam o CGRP, reduzindo a frequência das crises ao longo do tempo.
Apesar de não serem usados na crise aguda, eles são indicados para quem tem episódios frequentes, acima de quatro por mês. Como são medicamentos de uso contínuo e custo elevado, exigem prescrição médica e avaliação criteriosa.
Existem medicamentos que devem ser evitados?
Sim. O Dr. Alexandre Feldman alerta para o uso inadequado de opioides e butirofenonas, como as fenotiazinas. Embora ainda prescritos em alguns casos, eles oferecem alto risco de dependência e podem piorar a condição com o tempo.
Também não são recomendados como primeira escolha por órgãos oficiais de saúde. O ideal é seguir protocolos baseados em evidências, que priorizam segurança e eficácia comprovadas, com o menor risco de efeitos adversos a longo prazo.
O que dizem os especialistas e órgãos de saúde?
As diretrizes da Sociedade Internacional de Cefaleia e da American Headache Society recomendam analgésicos, anti-inflamatórios e triptanos como primeira linha. Os gepants e ditanos são alternativas modernas, seguras para grupos específicos, e os anticorpos são indicados na prevenção.
Medicamentos como opioides e substâncias não específicas não são recomendados, exceto em situações muito controladas. A automedicação é desaconselhada, e todo tratamento deve ser conduzido por médico com experiência no assunto.
Fontes confiáveis:
Sociedade Internacional de Cefaleia – https://ichd-3.org
American Headache Society – https://americanheadachesociety.org
Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude
Medscape – https://www.medscape.com
Sociedade Brasileira de Cefaleia – https://www.sbce.org.br
A melhor escolha depende de cada caso
A mensagem do Dr. Feldman é clara: existem muitas opções seguras para tratar a enxaqueca, mas elas precisam ser usadas com critério. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, e é por isso que o acompanhamento médico é tão importante.
A automedicação pode até aliviar no curto prazo, mas também pode agravar o problema. O mais eficaz é buscar um especialista, entender qual a categoria certa para o seu tipo de crise e seguir um plano de tratamento individualizado.