Muita gente associa enxaqueca apenas à dor intensa na cabeça. Mas, segundo o Dr. Alexandre Feldman (CRM-SP 59046), médico, escritor e palestrante especializado no tema, essa condição é muito mais complexa do que parece. Em seu perfil no Instagram @enxaqueca, ele explica que a dor de cabeça é apenas um dos sintomas — e nem sempre está presente.
Segundo o especialista, a enxaqueca deve ser entendida como uma síndrome neurológica com manifestações diversas, que podem afetar a visão, a audição, o sistema gastrointestinal e até o equilíbrio emocional. Reduzir a enxaqueca a uma simples dor é minimizar uma condição que pode ser extremamente debilitante.
Quais são os sintomas da enxaqueca além da dor de cabeça?
De acordo com o Dr. Alexandre, a dor de cabeça é geralmente o sintoma que mais chama atenção, por ser incapacitante e intensa. No entanto, muitas pessoas experimentam crises completas de enxaqueca sem dor de cabeça, manifestando outros sinais igualmente desconfortáveis.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
- Fonofobia (sensibilidade ao som)
- Osmofobia (aversão a cheiros)
- Náuseas e vômitos
- Congestão nasal, olhos vermelhos e lacrimejamento
- Diarreia ou aumento da diurese
- Formigamento no couro cabeludo
- Pontadas ou fisgadas na cabeça
- Alterações visuais como luzes, pontos ou aura
Esses sintomas podem surgir isoladamente ou combinados e, muitas vezes, precedem a dor de cabeça em si — o que caracteriza o fenômeno conhecido como aura da enxaqueca.
É possível ter enxaqueca sem dor?
Sim. Essa é uma condição conhecida como enxaqueca silenciosa ou enxaqueca sem cefaleia. Nela, a pessoa apresenta os sintomas típicos da síndrome, como aura visual, náuseas, fotofobia ou desequilíbrio, mas sem sentir dor na cabeça.

O diagnóstico pode ser mais desafiador nesses casos, já que muitos dos sintomas se confundem com outras doenças. Por isso, é fundamental buscar um médico com experiência em cefaleias e manter um diário de sintomas para ajudar na identificação do padrão das crises.
Por que a enxaqueca é tão variável?
A enxaqueca é uma condição multifatorial e altamente individualizada. Envolve uma disfunção temporária no sistema nervoso central, com desequilíbrios em neurotransmissores como a serotonina e hiperatividade em vias sensitivas do cérebro. Isso explica por que os sintomas variam tanto de pessoa para pessoa e até entre as crises de um mesmo paciente.
Fatores hormonais, emocionais, ambientais e alimentares influenciam na manifestação das crises — o que exige uma abordagem terapêutica individualizada e, muitas vezes, multidisciplinar.
Quando procurar ajuda médica?
Se você sofre com sintomas recorrentes como dor de cabeça intensa, hipersensibilidades, náuseas, alterações visuais ou desconfortos sensoriais, é importante consultar um médico. O diagnóstico precoce ajuda a controlar as crises e evitar complicações como cronificação da enxaqueca ou uso excessivo de analgésicos.
Dr. Alexandre Feldman reforça que tratar apenas a dor com remédios pontuais não é suficiente. É necessário entender o funcionamento da enxaqueca no organismo e buscar soluções integradas, que incluem medicação preventiva, ajustes no estilo de vida e controle de gatilhos.
Fontes confiáveis e orientações médicas
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int
- Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe): https://www.sbcefaleia.com.br
- American Headache Society: https://americanheadachesociety.org
Essas fontes apoiam e reconhecem a complexidade da enxaqueca e destacam a importância de estratégias preventivas e individualizadas no tratamento da condição.
Enxaqueca vai muito além da dor: seu corpo inteiro sente
Para o Dr. Alexandre Feldman, compreender a enxaqueca como uma síndrome e não apenas como uma dor de cabeça é essencial para melhorar o manejo dos sintomas. Ignorar sinais como náusea, fotofobia ou alterações visuais pode atrasar o diagnóstico e perpetuar o sofrimento.
A boa notícia é que, com acompanhamento adequado, é possível retomar o controle sobre as crises e viver com mais qualidade. Enxaqueca se trata com conhecimento, prevenção e um olhar atento ao que o corpo está dizendo — mesmo quando não dói.