Recentemente, um estudo liderado por Valerio Carruba, professor da Universidade de São Paulo (USP), trouxe à tona a intrigante questão dos asteroides que orbitam o Sol junto com Vênus. Estes corpos celestes, conhecidos como asteroides co-orbitais, podem passar despercebidos devido à intensa luz solar que os ofusca. A pesquisa visa compreender quantos desses asteroides existem e como podem ser identificados.
Atualmente, estima-se que existam cerca de 20 asteroides co-orbitais de Vênus. Embora sua órbita os proteja de encontros próximos com Vênus, isso não os impede de se aproximarem da Terra. Esses asteroides são considerados potencialmente perigosos se tiverem um diâmetro de pelo menos 140 metros e se aproximarem a até 0,05 unidades astronômicas da órbita terrestre.
Quais são os desafios na detecção desses asteroides?
Um dos principais desafios na detecção desses asteroides é a excentricidade de suas órbitas. Apenas um dos asteroides conhecidos possui uma excentricidade orbital abaixo de 0,38, indicando uma órbita mais circular. Asteroides com órbitas mais amplas tendem a se aproximar mais da Terra, facilitando sua identificação. No entanto, esse viés de observação pode significar que muitos outros asteroides permanecem indetectáveis.
Para abordar essa questão, os cientistas desenvolveram um modelo com diferentes inclinações orbitais, preenchido com 26 asteroides clonados com características variadas. Esses objetos foram então inseridos nas órbitas dos planetas do Sistema Solar em uma simulação de 36 mil anos, para verificar possíveis aproximações com a Terra.

Os asteroides co-orbitais de Vênus representam um risco para a Terra?
Os resultados da simulação indicaram que alguns desses asteroides podem, de fato, representar um risco de colisão com a Terra. No entanto, a visibilidade desses objetos a partir do nosso planeta é limitada. O observatório Vera Rubin, por exemplo, só consegue detectá-los periodicamente, principalmente quando eles passam perto da Terra.
Devido à dificuldade de observação causada pela luz solar, a detecção desses asteroides perigosos é um desafio significativo. A pesquisa sugere que uma solução potencial seria realizar observações a partir da órbita de Vênus, utilizando uma espaçonave posicionada de forma a evitar o brilho solar direto.
Como a tecnologia pode ajudar na detecção de asteroides?
O estudo propõe que observações realizadas a partir de uma espaçonave na órbita de Vênus poderiam aumentar significativamente a detecção desses asteroides. Ao posicionar a espaçonave de costas para o Sol, seria possível evitar o ofuscamento e melhorar a visibilidade dos asteroides. Essa abordagem inovadora poderia abrir novas janelas de observação e fornecer dados valiosos para a proteção da Terra contra possíveis impactos.
Em suma, a pesquisa liderada por Valerio Carruba destaca a importância de desenvolver novas estratégias para identificar asteroides co-orbitais de Vênus. Com o avanço da tecnologia e a implementação de soluções criativas, a comunidade científica pode estar mais bem equipada para enfrentar os desafios apresentados por esses corpos celestes.