Aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o reajuste de 5,25% no salário mínimo regional reacendeu um debate antigo e delicado: até que ponto esse aumento realmente beneficia o trabalhador? Com impacto direto sobre mais de 1,2 milhão de gaúchos, a medida aguarda apenas a sanção do governador para entrar em vigor. No papel, a proposta parece positiva — mas, na prática, está longe de ser unânime.
Para trabalhadores de setores como o doméstico e o rural, que dependem diretamente desse piso para sobreviver, o reajuste é uma esperança que veio aquém do esperado. Entidades sindicais esperavam algo mais robusto, capaz de compensar a corrosão salarial dos últimos anos. A proposta inicial era de até 9%, mas acabou ficando no meio do caminho.
Por que o índice de 5,25% divide opiniões?
O percentual aprovado foi considerado tímido por muitos. Em tempos de inflação acumulada, alta no custo de vida e combustíveis pesando no bolso, o reajuste soa mais como um alívio pontual do que uma solução definitiva. A proposta do governo, no entanto, se ampara em um discurso de equilíbrio: aumentar o salário sem sufocar os empregadores.
Empresários, especialmente os do setor de serviços e agronegócio, alegam que um reajuste maior poderia resultar em demissões ou informalidade. Já os sindicatos rebatem: manter salários defasados compromete o consumo, a dignidade do trabalhador e a saúde econômica do próprio estado.
Qual o papel do salário mínimo regional?
Diferente do salário mínimo nacional, o mínimo regional é definido pelo estado para categorias que não têm convenções coletivas. Ele funciona como uma barreira contra salários abusivamente baixos, principalmente em setores onde há pouca representação sindical ou poder de negociação.
No Rio Grande do Sul, o valor é dividido em faixas, de acordo com a função exercida. Isso permite maior adequação à realidade local e às necessidades de categorias como comércio, agricultura, limpeza e transporte.

Benefícios reais ou promessa no papel?
Embora o aumento de 5,25% possa parecer modesto, ele carrega implicações importantes:
- Garante um patamar mínimo de dignidade para trabalhadores com menor poder de barganha.
- Estimula o consumo interno e fortalece o comércio regional.
- Reduz desigualdades salariais, principalmente em municípios menores.
- Gera impacto positivo na arrecadação previdenciária, ao elevar as contribuições sociais.
- Reforça o reconhecimento de categorias historicamente desvalorizadas.
Contudo, esses efeitos dependem da manutenção do emprego formal. Sem fiscalização e políticas de apoio, o reajuste pode não sair do papel — ou, pior, resultar em substituições por mão de obra informal e precária.
Como outros estados lidam com o piso regional?
Além do Rio Grande do Sul, estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro também adotam mínimos regionais. Cada um estabelece faixas diferentes, ajustadas ao custo de vida local e às realidades produtivas.
Essas políticas têm como objetivo proteger o trabalhador em regiões onde o salário nacional não cobre sequer os custos básicos. Em estados com economia mais dinâmica, como São Paulo, o piso regional atua como ferramenta de justiça social — e, ao mesmo tempo, motor do crescimento econômico interno.