Em 26 de abril de 2025, o Instituto Inhotim reinaugurou a galeria Claudia Andujar, agora rebatizada como galeria Claudia Andujar | Maxita Yano — “casa de terra” em yanomami. A reformulação amplia o diálogo iniciado pelas fotografias de Claudia Andujar na década de 1970 com a arte indígena contemporânea, reafirmando o espaço como um território de resistência, memória e autorrepresentação.
A fotografia de Claudia Andujar e seu impacto
Convidada pela revista Realidade em 1971 para documentar a Amazônia, Claudia Andujar encontrou os yanomami vivendo em equilíbrio com a floresta. Com o tempo, registrou também a devastação causada pela chegada de garimpeiros e grileiros, incentivada pela política desenvolvimentista do governo militar.
Essas imagens se tornaram ferramentas poderosas de denúncia e sensibilização internacional, um impacto que ecoa até hoje, especialmente após a crise humanitária yanomami exposta em 2023.
A nova galeria: diálogos com a arte indígena contemporânea
A nova proposta curatorial, liderada por Beatriz Lemos e Júlia Rebouças, incorpora 90 obras de 22 artistas indígenas da América do Sul, somadas a 30 novas imagens de Claudia Andujar. O objetivo é aprofundar as reflexões sobre território, espiritualidade, cotidiano e resistência.
Entre os destaques:
- Uýra (AM) apresenta autorretratos em performance que integram corpo e natureza.
- Graciela Guarani (MS) documenta a vida cotidiana de sua comunidade Guarani Kaiowá.
- Paulo Desana (AM) cria a série Os espíritos da floresta (2025), fotografias noturnas com luz negra.
- Denilson Baniwa (AM) cartografa a presença yanomami em Boa Vista, expondo a vulnerabilidade urbana.
- Edgar Kanaykõ Xakriabá (MG) celebra a tradição cultural em sua série fotográfica Wahirê.
- Olinda Silvano (Peru) traz o kené, arte gráfica tradicional do povo Shipibo-Konibo.
Além deles, nomes como Tayná Uráz, Alexandre Pankararu, Renata Tupinambá e artistas internacionais como Elvira Espejo Ayca (Bolívia) e Julieth Morales (Colômbia) ampliam a diversidade das representações.

Um espaço de resistência e memória
A exposição inclui:
- sala documental Claudia Andujar: destaca seu ativismo pela demarcação das terras yanomami e campanhas de vacinação.
- sala audiovisual da Hutukara Associação Yanomami: curadoria de Davi Kopenawa, com vídeos e desenhos de artistas yanomami como Ehuana Yaira e Joseca Mokahesi.
Programação pública e novos usos do espaço
A galeria também inaugura um ciclo de programações públicas com shows, rodas de conversa e performances, integrando povos indígenas urbanos e rurais. A artista Renata Tupinambá adapta o espaço externo para essas atividades, incluindo a criação de uma peça sonora para guiar os visitantes.
Serviço
- Local: Instituto Inhotim (Brumadinho, MG)
- Horários: quarta a sexta, 9h30 às 16h30; sábados, domingos e feriados, 9h30 às 17h30
- Ingressos: R$ 30 (meia) a R$ 60 (inteira). entrada gratuita às quartas-feiras e no último domingo do mês.