Uma recente auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) revelou um impacto financeiro significativo nos cofres públicos devido a pagamentos irregulares do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Estima-se que o prejuízo anual alcance a marca de R$ 5 bilhões. O BPC é um auxílio governamental destinado a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência, oferecendo um salário mínimo mensal, atualmente fixado em R$ 1.518.
A auditoria identificou que 6,3% dos beneficiários do BPC possuíam uma renda familiar per capita superior a um quarto do salário mínimo, que é o limite estabelecido para a concessão do benefício. Essa discrepância foi apontada como uma das principais causas do déficit financeiro. Além disso, foram encontrados 6.701 casos de acúmulo indevido de benefícios, resultando em um prejuízo adicional de R$ 113,5 milhões.
Quais são as causas dos pagamentos indevidos?
O relatório do TCU destacou várias razões para os pagamentos indevidos do BPC. Entre elas, estão os atrasos na correção de irregularidades e a complexidade dos controles sobre a composição familiar, especialmente no que diz respeito à renda informal e à omissão de membros. A flutuação natural da realidade socioeconômica e a defasagem dos dados disponíveis também contribuem para o problema.
Além disso, a auditoria revelou que cerca de 2.400 beneficiários possivelmente falecidos continuavam a receber o benefício. Essa informação foi obtida através do cruzamento de dados do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc) e da base de CPF da Receita Federal com a folha de pagamento de junho de 2024.

Quais medidas estão sendo adotadas para corrigir as irregularidades?
Em resposta aos apontamentos do TCU, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) informou que, em conjunto com o INSS, já está implementando diversas medidas para corrigir as irregularidades. Desde 2023, a averiguação cadastral do BPC tornou-se uma prática contínua, resultando na suspensão de 109.447 benefícios irregulares e na atualização de mais de 1 milhão de cadastros.
O MDS afirmou que, assim que o acórdão do TCU for disponibilizado na íntegra, analisará quais medidas adicionais podem ser implementadas. A pasta ressaltou que toda contribuição para o aperfeiçoamento dos mecanismos das políticas públicas é bem-vinda e discutida com os atores envolvidos.
Impacto e desafios futuros
O impacto financeiro dos pagamentos indevidos do BPC destaca a necessidade de aprimorar os mecanismos de controle e fiscalização. A correção dessas irregularidades é essencial para garantir que os recursos públicos sejam direcionados a quem realmente necessita. O desafio futuro reside em equilibrar a eficácia dos controles com a agilidade na concessão dos benefícios, assegurando que os mais vulneráveis não sejam prejudicados por burocracias excessivas.
O compromisso do MDS e do INSS em adotar medidas corretivas é um passo importante na direção certa. No entanto, a implementação eficaz dessas medidas requer um esforço contínuo e colaborativo entre todas as partes envolvidas, garantindo que o BPC cumpra seu papel social de forma justa e eficiente.