O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um auxílio essencial para pessoas idosas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social no Brasil. No entanto, a gestão desse benefício enfrenta desafios significativos, conforme revelado por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). A auditoria identificou falhas no pagamento do BPC, incluindo pagamentos a pessoas falecidas e acúmulos indevidos, que resultam em um impacto financeiro considerável.
O TCU destacou que as irregularidades no BPC somam cerca de R$ 5 bilhões ao ano. Essas falhas comprometem a capacidade do sistema de avaliar com precisão a elegibilidade dos beneficiários, o que levanta preocupações sobre a eficácia do programa em atingir seu público-alvo. A auditoria abrangeu o período de 2022 a maio de 2024, analisando um volume fiscalizado de R$ 89,6 bilhões.
Quais são as principais falhas identificadas no BPC?
Entre as falhas identificadas, destacam-se os pagamentos a pessoas que não atendem aos critérios estabelecidos pelo programa. Isso inclui inconsistências nos registros de beneficiários e falhas formais na análise dos requerimentos. Além disso, houve um aumento nas concessões com erro de inclusão de pessoas idosas, o que contribui para o pagamento indevido de benefícios.
Outro problema significativo é a acumulação indevida de benefícios, com 6.700 casos identificados, resultando em um impacto financeiro anual estimado em R$ 113,5 milhões. Além disso, foram detectados pagamentos a 2.476 beneficiários possivelmente falecidos, o que indica a necessidade de uma revisão mais rigorosa dos registros.

Quais são as causas das irregularidades no BPC?
As causas das irregularidades no BPC são variadas. Os técnicos do TCU apontam atrasos na correção de irregularidades e complexidades nos controles da composição familiar como fatores contribuintes. A renda informal, a omissão de membros e as flutuações socioeconômicas naturais também dificultam a avaliação precisa da elegibilidade dos beneficiários.
Além disso, há limitações quanto à qualidade e defasagem temporal dos dados disponíveis, bem como dificuldades no acesso a determinados bancos de dados. Essas questões tornam o processo de verificação e atualização dos registros mais desafiador, comprometendo a precisão dos pagamentos.
Quais medidas estão sendo adotadas para corrigir as falhas?
Em resposta às falhas identificadas, o INSS e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) estão implementando medidas para aprimorar a gestão do BPC. A revisão cadastral de benefícios foi iniciada em 2024, com o objetivo de atualizar o Cadastro Único para milhões de beneficiários.
O INSS destacou que a maioria dos beneficiários compareceu aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) para realizar a atualização dentro do prazo. Aqueles que não compareceram tiveram seus benefícios suspensos, mas ainda podem apresentar defesa. Essas ações visam garantir que o BPC seja pago apenas a quem realmente tem direito, melhorando a eficácia do programa.
Como garantir a eficácia do BPC no futuro?
Para garantir a eficácia do BPC no futuro, é crucial que o INSS e o MDS continuem a aprimorar os processos de concessão, gestão e controle dos pagamentos. Isso inclui a implementação de sistemas mais robustos para verificação de elegibilidade e a atualização contínua dos dados dos beneficiários.
Além disso, é importante que haja uma colaboração mais estreita entre as diferentes entidades envolvidas na gestão do BPC, para que possam compartilhar informações e recursos de forma eficaz. Com essas medidas, espera-se que o BPC possa continuar a cumprir seu papel vital de apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade social no Brasil.