O falcão-peregrino é uma ave de rapina admirada por sua impressionante habilidade de voo e sua velocidade vertiginosa, chegando a mais de 320 quilômetros por hora em queda livre. Esta espécie cosmopolita, encontrada em quase todo o mundo, realiza migrações épicas de até 20 mil quilômetros, deslocando-se do Hemisfério Norte para o Brasil, onde permanece entre outubro e abril. A presença dessa ave no país despertou o interesse de pesquisadores que buscam entender melhor seu comportamento e interação com o ecossistema local.
Durante a pandemia, a bióloga Louise Mamedio Schneider e a pesquisadora Erika Hingst Zaher, do Museu Biológico do Butantan, dedicaram-se a examinar os registros dos falcões-peregrinos no Brasil. O estudo tinha como objetivo levantar informações sobre as subespécies avistadas no país, como a Falco peregrinus tundrius e a Falco peregrinus anatum, investigando aspectos como dieta, distribuição geográfica e interações ecológicas.
Por que Estudar o Falcão-peregrino no Brasil?
A pesquisa sobre os falcões-peregrinos no Brasil foi motivada pela necessidade de compreender sua história natural e seu impacto nos habitats que frequentam. A análise de mais de 2.500 fotos disponíveis no Wikiaves, uma plataforma dedicada a registros de aves brasileiras, revelou informações valiosas sobre como esses falcões interagem com outras espécies e seu comportamento migratório.
Foi observado que os falcões-peregrinos enfrentam desafios territoriais de outras aves, como o quiriquiri (Falco sparverius) e o suiriri (Tyrannus melancholicus), que frequentemente os atacam. Além disso, as pesquisas indicaram que os falcões adultos e jovens chegam ao Brasil em períodos diferentes, sugerindo uma série de hipóteses sobre suas estratégias migratórias.

Como os Falcões-peregrinos se Adaptam ao Meio Ambiente?
Uma descoberta fascinante da pesquisa foi a capacidade dos falcões-peregrinos de adaptar sua dieta de acordo com a disponibilidade de presas no Brasil. A maioria dos registros mostra que eles se alimentam principalmente de pombos, desempenhando um papel crucial no controle populacional dessas aves. Curiosamente, também foram observados alimentando-se de psitacídeos, um grupo que não é comum em suas áreas de origem na América do Norte.
Essas adaptações alimentares não só sublinham a resiliência da espécie como também ajudam a compreender sua recuperação após ter sido quase extinta em décadas passadas. O estudo fortalece a importância da observação cidadã e da colaboração entre pesquisadores e entusiastas da natureza para expandir o conhecimento cientifico.
Quais os Próximos Passos para a Pesquisa?
A pesquisa atual sobre o falcão-peregrino levantou novas questões que podem ser exploradas em estudos futuros. Uma delas é a presença de casais da mesma espécie no Brasil. Embora se saiba que esses falcões são monogâmicos e viajem separados durante as migrações, foram encontrados vários registros de casais juntos no mesmo local por mais de um ano. Isso levanta questões sobre o comportamento reprodutivo e social da espécie.
Os registros foto gráficos de falcões-peregrinos e sua contribuição ao nosso entendimento sobre essas aves ilustra o valor do envolvimento da população em geral em iniciativas científicas. Ao fornecer dados valiosos, os cidadãos ajudam a conectar comunidades acadêmicas e não acadêmicas, ampliando o conhecimento sobre essa notável espécie e suas complexas interações com o ambiente.