A Jim Beam, maior produtora de bourbon dos Estados Unidos, anunciou uma pausa de um ano na produção em sua principal destilaria em Clermont, no estado do Kentucky. A decisão é um movimento surpreendente que expõe os desafios enfrentados pela indústria de uísque americano após mais de duas décadas de forte crescimento.

Esta não é uma medida isolada. A decisão da marca, que pertence ao conglomerado japonês Suntory, acompanha uma série de cortes de produção e demissões em todo o setor de bebidas, que viu as vendas caírem cerca de 5% no último ano. Outras gigantes, como a Diageo, que produz o uísque George Dickel, e a Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s, também anunciaram pausas e demissões. As informações são do jornal “The New York Times".

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A paralisação na Jim Beam começará em 1º de janeiro e durará o ano todo. A unidade de Clermont é responsável por cerca de um terço da produção anual da empresa. A companhia informou que manterá a produção em suas outras duas destilarias no Kentucky e que o centro de visitantes e a área de engarrafamento no local permanecerão abertos.

Por que o mercado de uísque está em crise?

O declínio acentuado nas vendas de bourbon ocorre após mais de 20 anos de expansão. Durante a pandemia, o consumo disparou. Com mais tempo e dinheiro, os consumidores impulsionaram um boom na compra e coleção de garrafas, levando as destilarias a aumentar a produção e estocar milhões de barris para envelhecimento, o que acabou por inundar o mercado.

Agora, com o retorno à normalidade, varejistas e consumidores, já com estoques cheios, diminuíram o ritmo de compras. Atualmente, estima-se que existam 16,1 milhões de barris de uísque envelhecendo apenas no Kentucky. Esse excesso de oferta é um dos principais motivos da crise.

O comportamento do consumidor também mudou. Os consumidores mais jovens, da Geração Z, estão bebendo menos, mas optando por garrafas mais caras e com maior teor alcoólico quando o fazem. Essa tendência representa um problema para a Jim Beam, que depende muito de seu rótulo mais acessível e de menor teor alcoólico para impulsionar as vendas.

Fatores econômicos recentes também pesam. Barreiras tarifárias e uma reação de consumidores no Canadá, que já foi um dos maiores mercados de exportação, praticamente paralisaram as vendas de uísque americano no país. No geral, as exportações caíram cerca de 9% em relação ao ano anterior, segundo dados do Distilled Spirits Council of the United States.

Para muitos, o cenário atual lembra a crise da década de 1960. Naquela época, após um período de alta produção, os consumidores mais jovens abandonaram o uísque por outras bebidas, como vodca e rum, resultando em um longo período de excesso de oferta e no fechamento de dezenas de destilarias.

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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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