Depois de um momento de otimismo com movimentos do governo sobre o seguro rural, o agronegócio tem reagido com desconfiança às apostas do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e de Fernando Haddad para mudanças nessa política.

A ideia do governo é deslocar o modelo atual para o chamado seguro paramétrico. Nesse formato, a indenização ao produtor não depende da verificação direta da perda na propriedade, mas do acionamento de índices climáticos pré-definidos, como volume de chuva ou temperatura registrados em estações meteorológicas de referência.

A proposta é defendida pelo Ministério da Agricultura como parte de uma reformulação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. Em 2025, o programa teve o orçamento reduzido em quase 50% em relação ao valor aprovado, com parte dos recursos contingenciada ao longo do ano.

O governo sustenta que o modelo tradicional se tornou caro e menos eficiente diante do avanço das mudanças climáticas. Por isso, aponta o seguro paramétrico como alternativa para ampliar o acesso à proteção e reduzir a necessidade de renegociações de dívidas rurais.

No campo, porém, entidades representativas avaliam que o formato por índice climático não responde às necessidades reais da lavoura.

Para Claudio Brisolara, chefe do Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), o seguro paramétrico “tem seu valor, mas é complementar” e não pode substituir o seguro tradicional. “Pode não haver correlação entre a propriedade e o índice”, afirmou.

“A mensagem que o governo passa é de falta de apoio ao seguro. ‘Não estou gostando, não vou botar recurso’”, disse Brisolara.

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