Setores do agronegócio defenderam junto ao governo que apenas a fatia da produção destinada à União Europeia seja submetida às exigências do Regulamento da União Europeia contra o Desmatamento (EUDR), já que o bloco representa apenas parte das exportações brasileiras — cerca de 15%. Entidades do setor apresentaram essa posição ao Ministério da Agricultura e querem que ela oriente a negociação do acordo Mercosul-União Europeia.

O objetivo é evitar que a norma, que veta produtos de áreas desmatadas após 2020, funcione como uma “moratória europeia” aplicada a toda a produção nacional.

Pela lógica defendida por estes produtores, se apenas 15% das exportações do agro brasileiro são destinadas à Europa, apenas 15% das terras cultiváveis no Brasil devem estar sujeitas aos parâmetros do EUDR. O setor pressiona o Ministério da Agricultura para que a norma seja tratada como exigência de nicho, não como regra para toda a cadeia.

A moratória da soja, acordo que desde 2008 proíbe a compra de soja produzida em áreas desmatadas na Amazônia, é citada como exemplo negativo. Produtores afirmam que a moratória acabou classificando como irregulares áreas que estavam legais pelo Código Florestal. O receio é que a EUDR gere efeito semelhante, mas nas exportações.

“Essa exigência poderia ser atendida desde que os compradores pagassem a mais e as empresas que impõem a moratória fizessem uma rastreabilidade à parte para atender esses mercados específicos”, disse Lucas Luis Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT).

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