Impulsionadas pela disparada do ouro e pelas tarifas comerciais do governo Donald Trump, as versões digitais do metal — as stablecoins de ouro — viraram o novo porto seguro em meio à incerteza global. A capitalização desses ativos já supera US$ 3 bilhões em 2025, segundo o The Block Data Dashboard. Duas dessas stablecoins, PAXG e XAUT, concentram mais de 90% desse volume.

De janeiro a outubro, o PAX Gold saltou de US$ 2.656 para US$ 4.105, alta de 54,5%. O desempenho é praticamente igual ao do ouro físico, que subiu 52,8% no mesmo período. O gráfico é o mesmo, só muda o suporte: um em cofres, outro em blockchain.

O contexto geopolítico explica o salto. Desde o primeiro tarifaço de abril e o segundo, em agosto, o dólar perdeu força como refúgio. O ouro voltou a subir, mas dessa vez trouxe junto sua versão digital. Fundos e investidores passaram a usar moedas lastreadas em ouro como forma de proteção, reproduzindo no blockchain o mesmo papel do metal físico em tempos de incerteza.

No Brasil, o movimento começa a chegar a plataformas locais. Casas como MB e Foxbit já permitem negociação fracionada de tokens lastreados em ouro. Entidades do mercado cripto tratam o ativo como a “porta de entrada da tokenização de commodities”, processo que transforma ativos físicos como ouro, soja e petróleo em tokens digitais negociados em blockchain.

A euforia, porém, vem com alertas conhecidos. A credibilidade dessas moedas depende de custódia transparente, da liquidez real e da regulação em construção. Bancos centrais, incluindo o BC brasileiro, estudam como enquadrar stablecoins de lastro físico em suas normas de ativos digitais.

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