A temporada 2024 do projeto "Uma voz, um instrumento" tem início neste domingo (28/4). A apresentação de Paulinho Moska no Centro Cultural Unimed-BH Minas não terá um, mas dois violões em cena. E eles contam uma história muito particular, que acabou alicerçando o show que ele vem fazendo no último ano.


"Violões Fênix do Museu Nacional", o espetáculo em que Moska relê seus 30 anos de carreira, começa com um vídeo. Durante 15 minutos, o público assiste à história do subtenente Davi Lopes, um bombeiro que atua no Rio de Janeiro e é também luthier.

 



 

Moska surge em cena após a exibição do vídeo, que traz imagens da destruição que o fogo levou ao Museu Nacional, no incêndio de grandes proporções em setembro de 2018. Mas a história que os dois violões (um com corda de nylon, outro de aço) e o show contam é de sobrevivência.


"Quando entro no palco é uma comoção. É também muito emocionante para mim, pois aqueles instrumentos têm muitas camadas. Do meu lado pessoal, minhas letras ganharam sentidos novos por conta dos violões", diz Moska.


Novo olhar

 

Um dos exemplos que ele dá é com a canção "Quantas vidas você tem", composta cerca de 15 anos atrás para uma antiga namorada. "É uma simples canção romântica e hoje, quando canto com os violões no colo, ela muda completamente", continua Moska.


A história deste show começou muito antes do incêndio de seis anos atrás. Em 2016, Moska foi procurado pelo jornalista Vinícius Dônola, que lhe falou do bombeiro luthier que construía instrumentos com a madeira dos incêndios que apagava. "A história era linda, mas ele não sabia como eram os violões. Então me procurou para testá-los", conta Moska, que recebeu três instrumentos confeccionados por Davi. "Eram todos de alta classe".


Moska empolgou-se tanto que encomendou a Davi um instrumento, construído com vários pedaços de móveis, entre eles uma cristaleira e uma mesa de cabeceira. "É um dos melhores que tenho." Quando ocorreu a tragédia do Museu Nacional, Davi atuou naquele incêndio. Mais tarde, teve a ideia de sempre: coletar a madeira do incêndio para fazer novos instrumentos.


Sonho coletivo

 

Nesta altura, Moska já estava totalmente envolvido com a iniciativa. Foi criado um grupo para viabilizar o sonho do bombeiro. "Isto acabou virando nosso próprio sonho. Como se trata de um bem público, não foi tão fácil. Conseguimos autorizações do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural), cativamos a diretoria do museu, que viu no projeto uma oportunidade de chamar a atenção para a causa."


Com as madeiras recolhidas do que restou da edificação, foram construídos seis instrumentos: os dois violões que estão com Moska, uma viola caipira de 10 cordas que está com Almir Sater, um bandolim para Hamilton de Hollanda, um cavaquinho para Nilze Carvalho e um violino para Felipe Prazeres, spalla da Orquestra Petrobras Sinfônica.


"Somos padrinhos, não donos dos instrumentos. Zelamos por eles, já que pertencem ao museu", acrescenta Moska, explicando quão minucioso é o processo. "Em algumas pequenas peças (de madeira), ele consegue raspar o carvão que está em cima até chegar ao 'osso' do que não foi queimado."


A história de Davi acabou se tornando um documentário, "Fênix: O voo de Davi" (2021), disponível no Globoplay. Moska, Paulinho da Viola e Gilberto Gil participam do longa.

 

Outras atrações

 

Outras três edições do projeto acontecem nos próximos meses. Mônica Salmaso é a estrela de
"Uma voz, um instrumento" em 17 de maio. Em 30 de junho, a atração é Xênia França. E em 18 de julho haverá dobradinha de violas com Chico Lobo e Jaime Alem. Todos os shows serão no Centro Cultural Unimed-BH Minas.


PAULINHO MOSKA – "VIOLÕES FÊNIX DO MUSEU NACIONAL”
Show neste domingo (28/4), às 19h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244 – Lourdes). Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia), na bilheteria local ou pelo Sympla.

 

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