A admiração pelo mesmo mestre fez com que os caminhos dos cantores Mariana Aydar e Mestrinho se cruzassem há uma década. Os dois se conheceram durante as visitas frequentes que prestavam ao sanfoneiro Dominguinhos, que na época estava internado e faleceu em julho de 2013, aos 72 anos.


A amizade, no entanto, não acabou após a morte do importante instrumentista pernambucano. Os artistas tinham percebido uma forte conexão não só na vida, mas na música. Logo, passaram a dividir os palcos.


“Nossa ligação se estendeu às pessoas que nos ouviam e diziam que era como se trabalhássemos juntos há muito tempo”, conta Mestrinho. “Não só o público, mas os contratantes também falavam para trazer a Mariana para o meu show e vice-versa, porque nós dois juntos éramos maravilhosos.”

 




A boa recepção e a fluidez do trabalho musical entre eles fez crescer a vontade de criar algo em conjunto que concretizasse a parceria. Assim, surgiu o álbum de estúdio “Mariana e Mestrinho”, que reúne músicas inéditas e regravações de clássicos do forró, já disponível nas plataformas digitais. O trabalho é produzido por Tó Brandileone e traz nomes como Gilberto Gil, Juliana Linhares e Isabela Moraes ao longo das 10 faixas.


Protagonismo feminino

 

Mestrinho fala sobre alguns dos temas que nortearam a criação e escolha de repertório do disco. “Nós queríamos somar forças e fazer algo novo que não fosse nem parecido só com o meu trabalho, nem só com o trabalho da Mari. Neste álbum, a gente fala um pouco sobre o amor livre, um sentimento sem rótulos e possessividade. Também trazemos o tema feminismo, que a Mari defende com a voz gigante que ela tem.”


O protagonismo feminino é explorado nas bem-humoradas “Boy lixo” (Mariana Aydar, Fernando Procópio e Tinho Brito) e “Alavantu anahiê” (Isabela Moraes e PC Silva). Enquanto a primeira foi inspirada na história de uma amiga de Mariana que estava em um relacionamento tóxico, a segunda, que também leva as vozes de Juliana Linhares e Isabela Moraes, exalta a liberdade feminina e impõe limites à proximidade masculina indesejada.


“Desde o meu último disco, quando fiz um repertório mais voltado para o forró, tive muita dificuldade em achar dentro desse grande balaio músicas direcionadas à mulher”, diz Mariana. “Dentro do gênero existem muitas canções machistas, inclusive. Senti vontade e necessidade de atualizar esse discurso”, acrescenta.


O repertório de originais ainda é composto pela lírica “Dádiva”, de Zeca Baleiro, “Eu vou” e “Até o fim”, ambas composições do próprio Mestrinho. Gilberto Gil canta esta última, ao lado dos artistas que dão nome ao álbum. A canção melódica fala sobre o carinho e a gratidão que permanecem após a perda de um grande amor.


No amor de Gil

 

“Gilberto Gil é uma lenda viva da música brasileira. Ele contribuiu muito não só na música, mas também com as suas ideias, principalmente a forma com que ele pensa sobre o amor”, afirma Mestrinho. “Conheço o Gil desde os meus 19 anos, e sempre o ouvi falar de uma forma linda sobre esse sentimento. Por isso, pensamos em chamá-lo para cantar 'Até o fim'. Foi lindo demais. Ficamos muito emocionados.”


O álbum também homenageia Dominguinhos com canções gravadas por ele ao longo da sua carreira. São elas “Preciso do teu sorriso” (João Silva/ Enok Virgulino), “Cheguei pra ficar” (Dominguinhos/Anastácia) e “Te faço um cafuné” (Zezum).


“Filho do dono” (Petrúcio Amorim) e “Ninguém segura o nosso amor” (João Silva e Iranilson) também integram o repertório de regravações do disco. Todas as músicas ganharam videoclipes dançantes nos canais dos artistas com o lançamento oficial do álbum.


Show em BH

 

Além de Mestrinho – que toca acordeon em todas as faixas –, os músicos Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão) participam do álbum.


Mariana e Mestrinho estão animados para sair em turnê. O primeiro show será em São Paulo, nos dias 12 e 13 de abril, no Sesc Pompeia. Em 25 de maio, seguem para o Circo Voador, no Rio. “Mas pretendemos ir para o Nordeste, para Minas Gerais e tocar em BH”, revela a cantora.


“MARIANA E MESTRINHO”
• Alta Fonte
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais

 * Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

 

 

 

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