Lurdes (Regina Casé) se apaixona por Mário Sérgio (Evandro Mesquita) no filme de 
Cristiano Marques. "Eles sentiam tesão, o que vai contra o etarismo", afirma a atriz -  (crédito: Angélica Goudinho/Globo)

Lurdes (Regina Casé) se apaixona por Mário Sérgio (Evandro Mesquita) no filme de Cristiano Marques. "Eles sentiam tesão, o que vai contra o etarismo", afirma a atriz

crédito: Angélica Goudinho/Globo

 

Quem gosta de novela sempre fica com aquela pulga atrás da orelha: afinal qual seria o destino do seu personagem preferido naquele folhetim que chegou ao fim? Alguns deles, como Crodoaldo Valério, personagem de Aguinaldo Silva em “Fina estampa” (2011), ganhou novas histórias nos filmes "Crô" (2013) e "Crô em família" (2018).

 


Mário Cury, o detetive criado por Cassiano Gabus Mendes para a primeira versão de “Elas por elas” (1982), teve direito a muitas aventuras no seriado que chamou de seu, "Mário Fofoca", exibido em 17 episódios em 1983. Agora quem está de volta é Dona Lurdes, personagem de Regina Casé na novela "Amor de mãe", escrita por Manuela Dias e exibida há cinco anos.

 


“Dona Lurdes – O filme", dirigido por Cristiano Marques, começa quando Ryan (Thiago Martins), o último dos cinco filhos que moram com a heroína, muda para sua própria casa. Lurdes sofre com a síndrome do ninho vazio, mas com a ajuda de novos personagens, Zuleide (Arlete Salles) e Mário Sérgio (Evandro Mesquita), descobre que naquela altura da vida ainda é possível viver bem.

 

 


Em coletiva on-line com parte do elenco do longa, Regina não escondeu a alegria de reencontrar a personagem depois de tanto tempo. Ela lembrou o fato de que geralmente os atores de novela ficam mais tempo nos estúdios, onde gravam 13, 14 horas por dia, do que em casa, o que gera apego ao papel. E Dona Lurdes não é a única de quem ela tem saudades.

 

"Adoraria encontrar com a Tina Pepper ("Cambalacho", de Silvio de Abreu, 1986) ou ir à feira e encontrar com a Val (filme "Que horas ela volta", dirigido por Anna Muylaert, 2015). Reencontrar a Lurdes foi uma maravilha", vibra a atriz, que sente ter realizado o sonho de muito ator.

 

Amor-próprio

 

Para os fãs de Dona Lurdes, Regina conta que, além do amor de mãe que marcou a trajetória da personagem na novela, outras três formas de sentimentos ganham a telona, com destaque para o amor-próprio.

 

"Ela sempre foi tão ocupada em salvar a vida de todos os filhos, (na novela) a vida dela era em função dos filhos", pondera a atriz.


Outra novidade é a amiga de verdade, Zuleide, que não estava na novela. "Amei meu encontro com Arlete. E, para Lurdes, foi a descoberta do amor à amizade, que prezo tanto em minha vida."

 


Por último, Regina cita o amor romântico, quando Lurdes se apaixona por Mário Sérgio (Evandro Mesquita), personagem que também não fazia parte da história original exibida na Globo.

 

"Ao mesmo tempo em que eles se agarravam, sentiam tesão, o que também é ótimo e vai contra o etarismo de que não pode transar, ter namorado. Eram românticos. Foi muito bonito o encontro deles."

 


"Amor de mãe" foi uma produção, como define a autora Manuela Dias, muito intensa, por ter sido um dos primeiros projetos audiovisuais interrompidos no início da pandemia de COVID.

 

"Não sabíamos quantos capítulos seriam. Primeiro, a novela ia crescer, depois ia diminuir, depois ficaria pela metade. Teve muita coisa até chegar nesses 24 capítulos que encerram a novela. Apesar da pressão, saí feliz", afirma

 

Daqui para a frente

 

O filme caminhou de forma orgânica. Enquanto trabalhava em duas séries – uma sobre a Guerra de Canudos, que ainda não foi gravada, e a segunda temporada de “Justiça” –, Manuela começou a imaginar o que teria acontecido com Dona Lurdes. Sozinha, ainda em meio à pandemia, começou a escrever o livro "Diário da dona Lurdes". No lançamento, começou o zum-zum-zum de que a obra poderia virar filme.

 


"Quando fomos fazer o filme, vi que o filme também não seria o livro, já é outra viagem", diz Manuela. Sobre o futuro de Dona Lurdes, a criadora acredita que ela é uma personagem de vida independente.

 

"Rolou uma sinergia e ela ficou maior do que eu, como autora. Ganhou vida própria e pode virar o que ela quiser. Pode virar outro filme, outro seriado. Ela pode virar uma conselheira, 'podcaster'", diz a novelista, bem-humorada.

 


“DONA LURDES – O FILME”


(Brasil, 2023, 90min., de Cristiano Marques) – Estreia nesta quinta (28/3). Exclusivo na rede Cinemark. Em BH, sessões nas salas do BH Shopping, DiamondMall e Pátio Savassi.