Timothée Chalamet  volta ao papel de Paul Atreides, o protagonista, enquanto cresce a participação de Zendaya, como a guerreira Chani -  (crédito: Niko Tavernise/Warner)

Timothée Chalamet volta ao papel de Paul Atreides, o protagonista, enquanto cresce a participação de Zendaya, como a guerreira Chani

crédito: Niko Tavernise/Warner

Antes de entrar no cinema, é bom saber: “Duna – Parte 2” não é o fim da história. Um terceiro filme parece inevitável. Na colossal sequência do longa de 2021 que estreia nesta quinta (29/2), Denis Villeneuve termina a adaptação da narrativa lançada pelo escritor Frank Herbert em 1965 com um gancho para uma nova aventura.

 

Isto porque “Duna”, em livro, se tornou uma franquia com seis títulos. Um possível terceiro longa cobriria o segundo romance, “O messias de Duna” (1969). Mas esta é uma conversa que deverá vir a cabo após o resultado nos cinemas, assim como aconteceu com o primeiro filme.

 

 

Recapitulando: em 2021, o cineasta canadense lançou a primeira parte de sua adaptação de um dos romances sci-fi mais populares e cultuados da história. Queria ter rodado o segundo na sequência, mas não conseguiu autorização do estúdio (Warner Bros). O ok para a continuação veio oficialmente quatro dias após a chegada de “Duna” aos cinemas dos EUA.

 

O filme foi não somente a melhor bilheteria da carreira de Villeneuve (que já dirigiu “A chegada” e “Blade Runner 2049”) como da Warner naquele ano. Fez US$ 434 milhões em 2021 – lembrando que, na época, as salas ainda estavam quase vazias em decorrência da pandemia.

 

 

“Duna – Parte 2”, que teve sua estreia adiada em virtude da greve dos atores (deveria ter entrado em cartaz em novembro de 2023), deve ir além. E merece, já que a continuação é superior à produção anterior, que levou em 2022 seis Oscars.

 

O filme é uma ambiciosa produção em que Villeneuve parece querer nos dizer o tempo inteiro que é possível injetar inteligência e sensibilidade em um projeto da indústria. É também, obviamente, um filme para quem viu o primeiro (que está disponível nas plataformas Max e Prime Video).

 

DEPOIS DA DERROTA

 

A narrativa começa exatamente onde a anterior terminou. Os Fremen (os povos nativos da imensidão desértica que forma o planeta Arrakis) estão transportando o corpo de Jamis (Babs Olusanmokun) para casa, depois que ele foi derrotado por Paul Atreides (Timothée Chalamet).

 

Após o massacre da Casa Atreides, Paul ficou com os Fremen, contrariando as ideias de sua mãe grávida, Jessica (Rebecca Ferguson). Ele quer vingança contra todos, a começar pelos brutais Harkonnens, que capitanearam o ataque a mando do Imperador Shaddam IV (Christopher Walken). Este não se importou em nada em trair o fiel Duque Leto Atraides (Oscar Isaac), pai de Paul.

 

Ficamos sabendo disso por meio de Irulan (Florence Pugh), filha do imperador que atua como uma espécie de narradora da aventura quando dita os desenvolvimentos políticos da trama para um dispositivo.

 

Muitos dos Fremen, em especial os fanáticos religiosos liderados por Stilgar (Jarvier Bardem, o alívio cômico da saga), acreditam que Paul pode ser o profeta Lisan al-Gaib. Só que as profecias foram intencionalmente criadas pelas Bene Gesserit – Jessica, a mãe de Paul, faz parte deste grupo seleto de bruxas.

 

SANGUE DERRAMADO

 

As visões que o próprio Paul tem mostram que em seu futuro como messias só há derramamento de sangue. Já o lado humano dele tem que lidar com a paixão pela guerreira Chani (Zendaya, que neste filme tem muito tempo de tela, o que não ocorreu no primeiro).

 

Isto tudo é só a primeira hora das quase três que tem essa sequência – são 2h46 de duração, 11min a mais do que o filme anterior. Em meio às disputas de poder, são exibidas grandes e hábeis sequências cinematográficas.

 

Os tribais Fremen muitas vezes surgem do meio da areia para destruir o exército dos Harkonnen. Há uma condução quase operística na maneira como os imensos veículos são destruídos em meio ao fogo, enquanto corpos caem pelo céu. A primeira viagem de verme da areia de Paul é realmente impressionante.

 

Os Harkonnen (aqui a referência é claramente nazista, com sua multidão devidamente organizada em grandes apresentações militares) estão em crise. Rabban (Dave Bautista), o líder da guerra, está perdendo a cabeça. Seu tio, o asqueroso e maquiavélico Barão Harkonnen (Stellan Skarsgard) já está de olho em outro sucessor.

 

E esse surge na adição mais celebrada do elenco. Austin Butler está em cena como nunca o vimos. A desumanidade do clã Harkonnen é devidamente expressa na figura calva e monocromática do sobrinho sociopata do Barão: Feyd-Rautha (Butler) vai se tornar o grande oponente de Paul.

 

Villeneuve dá devida atenção aos dois mundos. Enquanto a ação em Arrakis explode em cores, com uma variedade de tons terrosos e azuis, o universo Harkonnen é absolutamente feito de pretos e brancos.

 

"Parte 1", além de localizar o espectador em torno da trama criada por Herbert, era uma história basicamente sobre o crescimento de um jovem herói. Como trama, "Parte 2" é muito mais complexa. Além das decisões políticas que afetam as diferentes populações que habitam aquele universo, há aqui também sugestões sobre o fanatismo religioso que deverá ser o mote de uma possível "Parte 3".

 

Paul, até então apresentado como um herói clássico, ganha novas nuances no segundo filme – é também um lembrete de Villeneuve de quão simplificador o maniqueismo é. O personagem tem consciência de que terá que fazer escolhas: religião, política e amor não devem andar juntos. Melhor para a história, que deixa pontos para serem alinhados para a frente.

 

Independentemente do que o futuro reserva para "Duna", o que importa é que neste momento não há nada mais grandioso e espetacular para se ver no cinema. A sessões em IMAX, vale dizer, são obrigatórias para a devida fruição das façanhas de som e luz que Villeneuve nos proporciona.

 

“DUNA – PARTE 2”


(EUA/Canadá, 2024, 166min.) Direção: Denis Villeneuve, com Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler, Rebecca Ferguson)

Estreia nesta quinta-feira (29/2), nos cines BH 1, 13h30 (sab e dom), 20h30 (leg);


BH 2, 14h30, 18h, 21h30 (leg);


Big 1, 17h, 20h (dub);


Big 3, 15h (dub);


Boulevard 3, 13h35, 16h50, 20h (dub);


Boulevard IMAX, 14h, 17h15, 20h30 (leg);


Cidade 3, 20h30 (dub);


Cidade 4, 13h20, 16h25 (dub), 19h30 (leg);


Cidade 7, 13h35, 16h50, 20h05 (dub);


Contagem 2, 17h20 (dub), 20h30 (leg);


Contagem 4, 13h40, 16h50, 20h (dub);


Contagem 5, 13h30, 16h40, 19h50 (dub);


Del Rey 4, 13h40, 16h50, 20h (dub);


Del Rey 5, 15h35, 20h50 (dub);


Diamond 3, 20h35 (leg);


Diamond 4, 14h30, 18h, 21h30 (leg);


Estação 3, 13h30, 17h, 20h30 (dub, exceto sab);


Estação 4, 14h30, 18h (dub), 21h30 (leg, exceto sab);


Itaupower 1, 17h20 (dub), 20h30 (leg);


Itaupower 5, 13h30, 16h45, 20h (dub);


Itaupower 2, 20h45 (dub);


Minas Shopping 3, 16h40 (dub), 19h50 (leg);


Minas Shopping 4, 14h, 17h10, 20h20 (dub);


Minas Shopping 6, 20h45 (dub);


Monte Carmo 4, 20h45 (dub);


Monte Carmo 5, 15h40 (dub);


Monte Carmo 6, 13h35, 16h50, 20h05 (dub);


Monte Carmo 7, 20h30 (leg);


Norte 1, 17h, 20h (dub);


Norte 4, 15h (dub);


Pátio 2, 13h30 (qui, sab e dom), 17h, 20h30 (leg);


Pátio 5, 14h30, 18h, 21h30 (leg);


Ponteio Premier, 14h, 17h15, 20h30 (leg);


Via 3, 13h50, 17h05, 20h20 (dub);


Via 5, 15h15 (dub).