Vencedor da última edição do Festival Botecar, realizada em 2019, o Bar do Kxote foi atropelado pela pandemia. O proprietário, Luiz Antônio Ferreira, pensou em fechar as portas definitivamente, mas foi dissuadido por seu filho, Fabrício Ferreira, que, a partir da melhora do quadro epidemiológico, tomou a frente do negócio. Agora, o estabelecimento situado no Bairro Santa Helena, Região do Barreiro, está mais uma vez entre os concorrentes do evento gastronômico focado na culinária de boteco.


Em curso desde a última terça-feira (31/10), o festival reúne, nesta 7ª edição, que marca a retomada pós-pandemia, 37 bares espalhados por todas as regionais de Belo Horizonte. Tanto para a organização do evento quanto para Fabrício, a sensação é de euforia, pela possibilidade de, mais uma vez, movimentar a população em torno desse verdadeiro patrimônio da capital mineira – o boteco.


“Quando falei que ia tomar conta, meu pai achou que, pela minha idade, ia virar uma bagunça – ele está com 56 anos e eu tenho 30. Mas não, mantive exatamente como era, um bar mais familiar”, conta Fabrício. Ele diz que a vitória na edição de 2019 foi importante para referendar a identidade do Bar do Kxote. “Meu pai e minha mãe já estavam nessa batalha há muitos anos e, de repente, com o Festival Botecar, conquistaram esse reconhecimento pelo que vinham fazendo”, ressalta.


Prato campeão

Na 6ª edição, o Bar do Kxote concorreu com o prato “Frevo Mineiro”, que, guiado pela temática proposta – o congado –, consistia em costela bovina ao molho da casa sobre uma cama de mostarda com petit gâteau de canjiquinha recheado com queijo, requeijão e banana-da-terra. “Desde então, esse prato não pode mais faltar no cardápio, senão a gente apanha dos clientes”, diz Fabrício.


O tema deste 7º Festival Botecar, que segue até 30 de novembro, é a mineiridade. O Bar do Kxote chega para mais essa contenda com o prato “BenzoDeus” – ossobuco braseado com cerveja preta ao molho da casa, acompanhado de purê cremoso de batata, jiló crocante recheado com bacon e muçarela e couve crispy. Fabrício diz que a ideia veio depois de uma refeição que fez com a esposa na casa de uma amiga.


“A gente nunca tinha comido ossobuco e essa nossa amiga fez. Foi um domingo em que tínhamos trabalhado muito e resolvemos extravasar. Tomamos umas, chegamos tarde e ela nos recebeu com o ossobuco. Ficamos apaixonados pela carne e fomos aprender a fazer, pesquisar sobre o ossobuco, para entender o que era”, relata.
Movimento dobrado

Idealizador do Festival Botecar, Antônio Lúcio Martins afirma que, desde a abertura desta 7ª edição, os bares participantes têm estado lotados. “Esse é o retorno que estamos tendo no grupo dos bares, com todo mundo publicando fotos, com as casas todas cheias no primeiro dia, algo fora do normal para uma terça-feira. Pelo fato de o festival estar no ar, o movimento nos estabelecimentos participantes é dobrado”, diz.


Um termômetro da adesão do público ao Festival Botecar, conforme aponta, é o fato de moradores do entorno de Belo Horizonte formarem grupos e alugarem vans para vir fazer o circuito de bares. Ele destaca que a pandemia representou um duro baque para o segmento e que a retomada do evento gastronômico tem sido motivo de celebração por parte de todos os proprietários desse tipo de estabelecimento e também por parte dos habitués de botecos.


“Belo Horizonte, que é a capital nacional dos bares, perdeu muitos durante a pandemia. Foi um momento muito difícil, que ainda estamos superando. Os botecos estão se reerguendo, o que beneficia o turismo, de forma geral. Tem bares que estão estreando no festival este ano e estão todos muito animados com essa retomada”, diz.

Foco na “raiz”

O modelo de concursos e festivais com foco na gastronomia de boteco se popularizou muito no Brasil inteiro ao longo dos últimos anos. Martins diz que procura frequentar o maior número possível de eventos do tipo. Ele considera que a singularidade do Festival Botecar é trabalhar com o que chama de “raiz”, com apego às tradições.


“Quando falo raiz, me refiro tanto aos ingredientes e aos tira-gostos característicos quanto à própria história do bar. No momento de fazer a escolha dos participantes, vamos visitar e conferir se tem uma tradição familiar, se é o próprio dono que está ali gerindo seu negócio, se o estabelecimento tem capacidade de receber e atender bem e se tem aderência junto à comunidade local”, explica.


Martins destaca que esse pensamento está na origem do Festival Botecar. “Sou um grande frequentador de bares desde 1978, então acompanhei o surgimento de todos os eventos gastronômicos que envolvem esse segmento. Por volta de 2012 ou 2013, comecei a notar que a coisa estava ficando muito gourmet, meio elitizada. Acho que boteco tem que ser mais raiz mesmo, um lugar para tomar cerveja gelada, conversar sobre futebol e comer tira-gosto de estufa, por isso propus a criação do Botecar”, diz.


A quantidade de bares participantes do Festival Botecar varia, mas vem, propositalmente, diminuindo desde sua criação. A primeira edição, em 2014, contou com 55 estabelecimentos participantes. No ano seguinte, baixou para 50. Em 2019, foram 40 bares na disputa. “A ideia é dar ao público a possibilidade de frequentar todos os bares com tranquilidade ao longo de 30 dias, sem que isso se torne uma maratona exaustiva”, diz Antônio Lúcio Martins, idealizador do evento.

Monte o seu roteiro

Confira a lista de bares participantes da 7ª edição do Festival Botecar

• 555 Restaurante (Santo Antônio)
• Adega & Churrasco (Ipiranga)
• Armazém Medeiros (Lourdes)
• Armazém Santa Tereza (Santa Tereza)
• Bar Aqui Tudo É Bom (Ouro Preto)
• Bar do Careca “O Pescador” (Floramar)
• Bar do Helmio I (Nova Cachoeirinha)
• Bar do Júnior (Cruzeiro)
• Bar do Kxote (Santa Helena)
• Bar do Mozart (Santa Tereza)
• Bar Du Magrelo (Sagrada Família)
• Bar Estabelecimento (Serra)
l Bar Sô Pedro (União)
• Bar Tudo Legal (Grajaú)
• Bença Bençoi Bar & Café (Lagoinha)
• Boteco Palmares (Palmares)
• Buteco do Baiano (Santa Amélia)
• Buteco do Maranhão (Lourdes)
• Butiquim Caipira (Savassi)
• Cabana do Alce (Santa Amélia)
• Choperia Atena (Dom Bosco)
• Churrasquinho do Reginaldo (Padre Eustáquio)
• Classic B (Diamante)
• Cunha’s Bar e Restaurante (Santa Tereza)
• Garden Chopp Bar (Centro)
• Mala e Cuia (Centro)
• Mercadinho Bicalho (Santa Tereza)
• Minera Bier
• Novo Barba (Funcionários)
• Paturebar (Barro Preto)
• Peixinho da Jú (Guarani)
• Rick Rock Bar (Nova Cintra)
• Santo Boteco (São Pedro)
• Serrotinhos Bar (Padre Eustáquio)
• Taberna Santê (Santa Tereza)
• The Brother's Cervejaria Rock Bar (Santa Tereza)
• Via Deslandes Carne & Cachaça (Anchieta)


Voto popular

O vencedor do Festival Botecar será escolhido pela soma dos votos de um júri especializado e do público, que vão eleger o melhor boteco, considerando critérios como sabor do tira-gosto, temperatura da bebida, ambiente e atendimento. O voto popular será registrado por meio de um QR Code e direcionado para a plataforma de votação digital. A apuração dos votos será auditada por empresa especializada independente. A divulgação do resultado acontecerá em uma cerimônia de premiação fechada para convidados.

 

 

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