O escritor, crítico e professor mineiro Silviano Santiago, autor de mais de 30 livros e ocupante da cadeira de número 13 da Academia Mineira de Letras, recebe nesta terça-feira (14/11) o Prêmio Camões de Literatura. Aos 87 anos, ele acumula premiações como o Prêmio Jabuti (são seis), Prêmio Oceanos e Prêmio ABL. Agora, contemplado com o principal prêmio da língua portuguesa, Santiago diz ter um sentimento ambivalente em relação a isso.

“É sempre uma satisfação receber um prêmio. No caso do Camões, é o reconhecimento de uma carreira por vários pontos de vista. No meu caso, o reconhecimento do fato de que, como professor de literatura, ajudei a difundir a literatura brasileira; como jornalista cultural, ajudei na crítica, e tenho também a minha própria produção particular, com alguns romances bem conhecidos, como o ‘Em liberdade’”, afirma.

Ao mesmo tempo, ele diz que, aposentado da carreira acadêmica há aproximadamente 20 anos, sente-se próximo “de passar para as memórias póstumas". “Do ponto de vista pessoal, sinto uma tristeza pelo fato de que estou chegando ao fim, meu papel já foi quase cumprido. Acho que tenho um trabalho muito variado que talvez em algum detalhe tenha dado uma certa contribuição ao patrimônio literário nacional, mas só o tempo é que diz isso.”

A cerimônia de entrega do Prêmio Camões de Literatura está prevista para as 11h, na sede da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, com transmissão pelo YouTube. Estarão presentes a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos, e o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi.

O escritor deverá presentear as autoridades presentes com um volume de seu novo livro, “Grafias de vida – a morte”, coletânea de textos sobre a literatura brasileira escritos durante durante a pandemia.

“Escrevi esses ensaios com uma certa coragem, já que não pertenço às novas gerações. Nos últimos anos, a literatura brasileira tem tido um interesse cada vez maior pelas questões étnicas e de comportamento humano, a chamada ‘agenda cultural’, que tem sido tão criticada pela direita. É um livro muito em defesa dessa transformação por que passa e passará a literatura brasileira”, afirma, citando Itamar Vieira Junior como um dos representantes dessa tendência.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes