Originalmente montado em 2005,

Originalmente montado em 2005, "Pinocchio" é a atração de hoje, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas 

crédito: Acervo Giramundo/Divulgação


Ao longo de 2022 e também neste ano, o grupo Giramundo esteve empenhado em reconstruir e levar de volta aos palcos espetáculos que marcaram sua trajetória. Um resultado desse investimento é a pequena mostra retrospectiva que será apresentada neste fim de semana, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, com as montagens de “Pinocchio”, nesta sexta (10/11); “Os orixás”, amanhã, e “A bela adormecida”, no domingo.

“É um exercício dessa capacidade recente de termos um repertório ativo”, diz o diretor-presidente do Giramundo, Marcos Malafaia. “Hoje, contamos com 10 espetáculos ativos, o que não é um fato comum para as companhias de teatro de bonecos, porque há várias dificuldades, sendo a principal delas a manutenção dos bonecos em funcionamento e da equipe ensaiada”, afirma.
Os três títulos foram escolhidos por mostrarem diferentes facetas do grupo. “A bela adormecida” é o trabalho inaugural do Giramundo, montado originalmente em 1971 e refeito cinco anos depois, já com os elementos que caracterizariam a trajetória do grupo a partir de então, conforme aponta.

“Com essa versão de 1976, o Giramundo, já bem cedo, se diferenciava dentro do universo do teatro de bonecos no Brasil, com o desenho do (fundador do grupo) Álvaro Apocalypse (1937-2003) bem marcado, distante do simplismo do teatro de bonecos sul-americano da época, com elementos mais complexos, mais avançados, com muita ironia, uma coragem propositiva, uma audácia nos textos”, aponta.


EQUIPE NOVA

“Os orixás”, que estreou em 2001, foi o último espetáculo capitaneado por Apocalypse. “Remontamos agora com a participação de Sérgio Pererê e Maurício Tizumba na trilha sonora e com um elenco de cantores e atores negros, então o espetáculo ganhou uma força visual, musical e simbólica grande, pela energia da equipe nova. Ficou muito impactante”, comenta.

Já “Pinocchio”, de 2005, que contou com as vozes de Eduardo Moreira, Chico Pelúcio, Inês Peixoto, Teuda Bara e mais integrantes do Grupo Galpão, foi a primeira montagem do grupo sem a presença do mestre. Malafaia aponta que foi o espetáculo responsável por manter o Giramundo de pé e, ao mesmo tempo, representou um ponto de virada, na medida em que propunha novos caminhos.

“Álvaro e Tereza (Veloso, sua esposa, cofundadora do grupo) faleceram num intervalo de tempo muito pequeno, de seis meses, então muita gente achou que isso seria o fim do Giramundo, mas a nova diretoria manteve o grupo ativo, adotando uma forma híbrida, com o teatro de bonecos e o cinema de animação conjugados em 'Pinocchio', por exemplo”, diz Malafaia.

Ele observa que é um espetáculo que se descola um pouco das proposições de Apocalypse. “É uma leitura do teatro de bonecos sintonizada com correntes bem contemporâneas, voltado para o público adulto. Farnese de Andrade foi uma inspiração muito forte, assim como Marcel Duchamp, com as instalações de arte contemporânea, o desenho da cenografia e dos bonecos muito influenciado pela matéria e menos pela previsão da forma, o que Álvaro prezava muito”, destaca.

Tratou-se, conforme aponta, de uma ruptura, no sentido de o grupo abandonar a previsão de um design de bonecos e sair em busca de referências de improviso, inclusive no que diz respeito às trilhas sonoras, que se distanciaram do classicismo que era marca registrada de Apocalypse e se aproximaram de artistas como John Cage e o grupo O Grivo.

GIRAMUNDO
• Apresentação dos espetáculos “Pinocchio”, nesta sexta-feira (10/11), às 20h, com classificação 12 anos; “Os orixás”, no sábado (11/11), às 20h, com classificação 5 anos; e “A bela adormecida”, no domingo (12/11), às 17h, com classificação 5 anos, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes – 31.3516.1360).

• Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pelo site Eventim e na bilheteria do teatro, que funciona a partir de 12h, até 30 minutos após o início do espetáculo.

Outras peças

>>> “AZUL”
Nesta sexta-feira (10/11), o espetáculo infantojuvenil “Azul”, da Artesanal Cia. de Teatro, terá uma sessão acessível em Libras, às 19h, no Teatro 2 do Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Em seguida, haverá bate-papo com o elenco. Com direção de Henrique Gonçalves e Gustavo Bicalho, que também assina o texto e a dramaturgia ao lado de Andrea Batitucci, “Azul” segue em cartaz até 20/11, às sextas e segundas-feiras, às 19h, e aos sábados e domingos, às 16h. O espetáculo apresenta uma história de amor entre irmãos, unidos pela diferença. Violeta, de 4 anos, está ansiosa pela chegada de seu irmãozinho, Azul. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria e no site do CCBB-BH.


>>> “OS TRÊS PORQUINHOS”
História clássica, cujos primeiros registros datam do século 18, e que foi popularizada pelo escritor australiano Joseph Jacobs no século 19, “Os três porquinhos” ganha mais uma versão teatral, com direção de Roberto Freitas, que será apresentada neste sábado (11/11) e domingo (12/11), às 16h30, no Teatro do Colégio Padre Machado (Av. do Contorno, 6.475, Santo Antônio). O famoso conto infantil é transposto para o palco a partir do texto original de Jacobs, com muito humor e diversão. O enredo foca três porquinhos que, para fugir do lobo mau, constroem, cada um, sua casinha de palha, madeira e tijolos. No elenco, Lin de Souza, Luciano de Lima, Mariano Alencar e Rodrigo Scaldaferri. Ingressos a R$ 52 (inteira) e R$ 26 (meia). Na compra de uma inteira, o comprador ganha outra.


>>> MOSTRA MARIA CUTIA
Após circular por praças e parques de Belo Horizonte, o grupo Maria Cutia dá sequência à celebração de seus 17 anos, desta vez, no palco, com a apresentação de cinco espetáculos. O melodrama radiofônico “Ópera de sabão”, dirigido por Eduardo Moreira, ocupa o Teatro Raul Belém Machado (Rua Jauá, 80, Alípio de Melo), nesta sexta-feira (10/11), às 20h. O mesmo espaço recebe, amanhã, às 16h, a montagem “Mundos”, dirigida por Eugênio Tadeu, e no domingo, às 19h, “Engenho de dentro”, também com direção de Eduardo Moreira. No próximo fim de semana, a mostra segue com homenagens a um dos maiores compositores da MPB: “Francisco: Mariana Arruda canta Chico Buarque”, na sexta (17/11), às 20h, e “Para Chicos”, no sábado (18/11), às 16h, ambos com direção de Lira Ribas. Ingressos a R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia), à venda na bilheteria do teatro e pela plataforma Sympla.