Na apresentação sinfônica da obra de Tom Jobim, a Filarmônica recebe Mário Adnet (violão e voz), Daniel Jobim (piano), Zé Ibarra (voz), Trio Amaranto (vozes) e Rafael Martini (piano e voz) -  (crédito: Arquivo Estado de Minas)

Na apresentação sinfônica da obra de Tom Jobim, a Filarmônica recebe Mário Adnet (violão e voz), Daniel Jobim (piano), Zé Ibarra (voz), Trio Amaranto (vozes) e Rafael Martini (piano e voz)

crédito: Arquivo Estado de Minas

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais encerra a temporada 2023, que marca seus 15 anos de atividade, com um concerto especial de fim de ano, em tributo a uma das maiores referências da MPB. Idealizado por Mário Adnet e Paulo Jobim (1950-2022) no início dos anos 2000, “Jobim sinfônico”, que celebra a obra do Maestro Soberano, gerou um álbum duplo e um DVD, lançados em 2002, circulou pela Europa e chega agora à Sala Minas Gerais.

Sob regência do maestro associado José Soares, a Filarmônica vai apresentar o concerto nos dias 20 e 21 de dezembro, com ingressos já à venda. Diversos ingredientes tornam a apresentação de “Jobim sinfônico” especial. A orquestra vai receber como convidados Mário Adnet, que responde pela direção artística do espetáculo, além de cantar e tocar violão; o neto de Tom Jobim, Daniel Jobim (piano); e mais Zé Ibarra (voz), Trio Amaranto (vozes) e Rafael Martini (piano e voz).

Todos esses artistas se revezam no palco, ao longo do concerto, nos dois dias. O programa que será apresentado inclui músicas como “Brasília, sinfonia da alvorada”, “Modinha”, “Águas de março”, “Chovendo na roseira”, “Saudade do Brasil” e a suíte “A casa assassinada”. A maior parte delas será executada com os arranjos originais, do maestro alemão Claus Ogerman (1930-2016) e de Eumir Deodato, por exemplo. Outras tiveram os arranjos reescritos e ampliados por Adnet.

Ele diz que a escolha das músicas que estão no programa foi orientada pela adequação do tema ao formato orquestral. “Jobim já compunha com esse pensamento. No 'Terra Brasilis' tem muita orquestra, no 'Urubu' tem muita, no 'Matita Perê' tem muita. Jobim escreveu e orquestrou 'Brasília, a sinfonia da alvorada', que só tinha uma gravação, do início dos anos 1960. Orquestrada por ele tem também toda a trilha da peça 'Orfeu da Conceição', sobre libreto de Vinicius de Moraes, por exemplo”, diz.


Artistas locais


Com relação aos músicos convidados, ele explica que a escalação varia. O diretor artístico do espetáculo ressalta que a ideia original é que se pudesse levar “Jobim sinfônico” para todos os lugares, para ser executado com a orquestra e os artistas locais. Segundo ele, a proposta é disseminar a experiência de se cantar sobre os arranjos originais registrados nos discos ou nas peças escritas por Tom Jobim.

“Queremos abrir isso para os lugares, com nossa direção musical, nosso olhar supervisionando. No caso de Minas, as sugestões de convidados foram o Trio Amaranto e o Rafael Martini, que é um cara que já conheço e de quem gosto há muito tempo. Também sugeri alguns nomes, e o que eles gostaram foi o do Zé Ibarra. E aí vamos também eu e o Daniel, que toca e canta algumas coisas”, diz.

O maestro José Soares chama a atenção para o que é uma diretriz estabelecida pelo diretor artístico e regente titular da orquestra, Fabio Mechetti: a Filarmônica nunca faz o papel de mero acompanhamento; ela realiza junto. “Temos convidados que são muito especiais, incluindo o próprio Mário Adnet e o Daniel Jobim, mas o grande protagonista do concerto é o Tom Jobim. Não se trata da apresentação deste ou daquele artista. O que importa é todo o corpo musical a serviço dessa obra”, diz.

Ele observa que o espetáculo que o público de Belo Horizonte verá é diferente daquele que foi apresentado e gravado na Sala São Paulo, em consonância com o desejo de Adnet de que um concerto não seja cópia do outro. “Temos modificações no que diz respeito ao repertório, ao formato e aos convidados. O espetáculo tem um laço com a proposta original, mas guarda elementos que são exclusivos dessa apresentação em Belo Horizonte. É um formato único, que ainda não foi visto”, pontua.

Para Soares, o que mais chama a atenção na obra de Tom Jobim é o fato de ser, ao mesmo tempo, palatável e profunda. “Até os temas mais triviais que ele compôs têm uma profundidade melódica e harmônica que conversa com Debussy, Ravel, Chopin. E, a despeito de um eventual grau de complexidade, são músicas que se tornaram conhecidas de maneira muito orgânica pelo público”, afirma.

Responsável por fazer a ponte entre Adnet e a Filarmônica de Minas Gerais, Rafael Martini pensa mais ou menos da mesma maneira. “Jobim é um professor da economia com exuberância. Ele consegue ser extremamente refinado com muito pouca coisa; é uma música sábia. Além disso, tem uma busca pela brasilidade que nunca cessou na carreira dele. Eu persigo a capacidade de fazer isso, ser expressivo e econômico ao mesmo tempo”, diz.

Programa

. Abertura

“Samba da bênção” / “A rã” / “Flor de maracujá” (Baden Powell / João Donato / arranjo: L. Gorosito)

. Jobim Sinfônico

“Brasília, sinfonia da alvorada”
“Modinha”
“Saudade do Brasil”
“Passarim”
“Imagina”
“Correnteza”
“Chovendo na roseira”
“A casa assassinada”
“Boto”
“Águas de março”
“Gabriela”
“Canta, canta mais”
“Valse (Olho d’água)”
“Garota de Ipanema”

“JOBIM SINFÔNICO”
Concerto com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e convidados – Mário Adnet, Daniel Jobim, Rafael Martini, Zé Ibarra e Trio Amaranto –, dias 20/12 e 21/12, às 20h30, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto – 31.3219 9000). Ingressos para o Coro a R$ 50 (inteira), para o Terraço, Mezanino e Balcão do Palco a R$ 160 (inteira), e para o Balcão Lateral, Plateia Central e Balcão Principal a R$ 180 (inteira); meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação. Ingressos à venda no site da Filarmônica e na bilheteria da Sala Minas Gerais.