Se existe uma pequena África em Belo Horizonte, ela certamente está na Lagoinha. Berço do samba na cidade, o bairro abriga casas de umbanda e candomblé centenárias, a tradicional Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, e o primeiro bloco carnavalesco da cidade, O Leão da Lagoinha.

Nenhum outro lugar, portanto, é melhor para receber um festival calcado na cultura e ancestralidade negras. Em sua primeira edição, o Festival Gira, realizado neste sábado (4/11), no Galpão 54, pretende colocar em evidência a cultura negra que se desenvolveu na Lagoinha e prestar uma homenagem à cultura afro, de forma geral, com atrações musicais identificadas com esse objetivo.

Apresentam-se no festival artistas e grupos como Bloco Afro Magia Negra, Os Clarins da Bahia, Angola Janga, A Roda, Baianas Ozadas, Celso Moretti, Sérgio Pererê, Samba de Terreiro (tendo como convidado o Samba D'Ouro), Herança Ancestral e Samba de Quilombo.


IRMÃOS DE OUTROS LUGARES

“A ideia é trazer gente nossa, como o Celso Moretti e o Sérgio Pererê, por exemplo, que estão aqui há anos falando de música negra, difundindo a cultura negra na cidade. E também nossos irmãos de outros lugares, como Os Clarins da Bahia, que é uma conexão com a nossa ancestralidade também. Afinal, somos seres afro globais e acreditamos que devemos fortalecer esse intercâmbio”, diz Filipe Thales, um dos idealizadores do evento, ao lado de Camilo Gan, Gabriela Gonçalves e Michela Oliveira.

Mais do que promover um festival dançante, ressalta Filipe, o Gira tem como propósito jogar luz num grande problema social que existe no bairro: o alto índice de pessoas em situação de rua - em sua maioria, homens e mulheres negros.


“A gente acredita que é possível, sim, resolver esse problema de forma séria. E acreditamos que a arte e a cultura são a melhor forma de falar sobre isso, denunciar o que o nosso povo sofre, sofreu e vem sofrendo até hoje nos grandes centros urbanos”, afirma Filipe.

No entanto, garante ele, o Gira não perde sua característica de festival de música ao abordar o déficit habitacional e a desigualdade social. “Essas denúncias são feitas por meio das próprias canções”, explica.

Outra preocupação dos organizadores do evento é com a representatividade de gênero. Por isso, há entre as atrações artistas LGBTQIA+, como as DJs Preta Showme e Jahi Amani, respectivamente, travesti e pessoa não-binária.

“A gente está inserida num contexto de exclusão. A própria Lagoinha é excluída pela cidade, pelo poder público. Então não faz sentido repetirmos isso em nosso festival. Estamos falando sobre igualdade de oportunidade. Então tem que ter oportunidade para todo mundo”, conclui Filipe.

>>> DUCA LEINDECKER
O cantor e compositor gaúcho Duca Leindecker se apresenta neste sábado (4/11), às 21h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Em formato voz e violão, o músico interpreta canções da banda Cidadão Quem, da qual foi vocalista entre 1990 e 2014, e do projeto Pouco Vogal, duo formado com Humberto Gessinger, entre 2008 e 2012. Ingressos à venda por R$ 190 (plateia 1 / inteira) e R$ 130 (plateia 2 / inteira), na bilheteria do teatro ou pelo site da Eventim. Meia-entrada na forma da lei. Mais informações: (31) 3516-1360.

>>> “BRASIL COM S”
Neste domingo (5/11), às 11h, a Orquestra Ouro Preto apresenta, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro), o concerto “Brasil com S”. No intuito de proporcionar ao público contato com alguns dos grandes compositores brasileiros de música de concerto, o repertório traz obras de Alexandre Guerra (“Inspirações Inconfidentes”, inspirada em “O romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles), Alexandre Travassos (“A morte do bode Tião”), Nelson Ayres ("3 momentos para cordas e percussão”) e Jaime Alem (“Suíte influências”). Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), na bilheteria ou pelo site do Sympla.

>>> FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais apresenta neste domingo (5/11), às 11h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto), a última edição do ano da série “Concertos para a juventude”. Sob a batuta do maestro José Soares, os músicos interpretam obras de Ravel, Clóvis Pereira, Debussy, Rimsky-Korsakov e Dvorák. Entrada franca.
Ordem das apresentações

•Arrastão do Bloco Afro Magia Negra convida Os Clarins da Bahia
•Samba de Terreiro convida Samba D'Ouro, Herança Ancestral e Samba de Quilombo
•Banda de Palco do Magia Negra convida Sérgio Pererê, A Roda, Baianas Ozadas, Angola Janga e Celso Moretti


• DJ DJAHI e DJ Preta ShowMe

FESTIVAL GIRA
• Neste sábado (4/11), a partir das 16h, no Galpão 54 (Rua Francisco Soucasseaux, 54, Lagoinha).
• Ingressos à venda por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), pelo site www.gofree.co.