Sigmund Freud em 1926, quando mantinha seu consultório na rua Bergasse, em Viena, onde recebeu o norte-americano Abram Kardiner como analisando  -  (crédito: Ferdinand Schmutzer/AP)

Sigmund Freud: pioneiro da psicanálise

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Sigmund Freud, pioneiro da psicanálise, transformou profundamente nosso entendimento sobre o desenvolvimento humano, enfatizando a evolução dos desejos e interesses sexuais da infância à vida adulta. Seu trabalho nos permite compreender como a transformação de nossos desejos influencia nossa identidade e comportamento ao longo do tempo.


Freud desafiou as concepções tradicionais de sexualidade, introduzindo a ideia de que esta não surge apenas na puberdade, mas é uma dimensão central da experiência humana, presente desde o nascimento. Essa nova visão propõe que os desejos sexuais passam por várias fases de desenvolvimento desde a infância.

 

FASES PSICOSSEXUAIS

 

Freud identificou várias fases psicossexuais na infância: oral, anal, fálica, período de latência e genital - cada uma associada ao prazer em diferentes partes do corpo. Por exemplo, na fase oral, prazeres são encontrados em atividades como chupar e morder.


Ele propôs que conflitos não resolvidos nessas fases podem influenciar a personalidade e os desejos sexuais na vida adulta, ou seja, uma fixação na fase oral pode resultar em traços de dependência ou gula.

 

COMPLEXO DE ÉDIPO

 

Um aspecto fundamental na teoria freudiana é o complexo de Édipo, vivenciado na fase fálica, no qual sugere-se que os meninos desenvolvem desejos incestuosos pela mãe e rivalidade com o pai, e as meninas, sentimentos semelhantes pelo pai. A resolução adequada deste complexo é vista como crucial para o desenvolvimento de uma identidade e sexualidade saudáveis.

 


Com o início da puberdade, entra-se na fase genital, direcionando a sexualidade para o prazer sexual em relações heterossexuais. Para Freud, a capacidade de estabelecer relações amorosas e expressar a sexualidade de forma madura indica um desenvolvimento psicológico saudável.

 

VIDA ADULTA

 

Nessa fase, o desejo e sua expressão passam por transformações significativas, refletindo a maturação psicológica e as complexidades das experiências vividas. A fase genital, estendendo-se pela vida adulta, marca o ápice do desenvolvimento psicossexual, onde os desejos se voltam para relações íntimas e produtivas. Entretanto, os desafios da vida adulta nos levam a novas descobertas sobre desejo, intimidade e identidade.


Freud destacou que a maturidade sexual envolve não apenas a busca por prazer genital, mas também a habilidade de sublimar esses desejos em atividades socialmente produtivas e criativas. A sublimação, um mecanismo de defesa, permite a canalização de energia psíquica de desejos não realizáveis ou socialmente inaceitáveis para realizações em campos artísticos, científicos e intelectuais, enriquecendo assim nossa experiência humana.


A vida adulta traz consigo o desafio de conciliar desejos profundos com as exigências da realidade e dos padrões morais estabelecidos pela sociedade. Freud identificou o superego - a parte da nossa psique que internaliza valores morais e sociais - como um moderador dos nossos desejos, frequentemente em conflito com o id, a fonte dos nossos impulsos mais primitivos, incluindo os desejos sexuais. Esse embate interno entre o superego e o id pode manifestar-se sob a forma de neuroses e ansiedades, evidenciando a constante luta para equilibrar nossos instintos mais básicos com as restrições morais.