Os clássicos, sejam eles estaduais ou nacionais, são jogos difíceis e quando você consegue uma vantagem de um gol nos mata-matas, por exemplo, é bem significativo. Peguemos o Flamengo, que fatura R$ 1,6 bilhão por ano, considerado o mais rico da América do Sul, que venceu o Inter por 1 a 0, pela Libertadores, no Maracanã, na quarta-feira. Vi torcedores reclamando pelo placar magro, como se isso não fosse uma vantagem significativa, já que o jogo de volta será no Beira-Rio, semana que vem. O futebol brasileiro, tão nivelado por baixo, permite que o Mirassol, que pela primeira vez chegou à divisão de elite, dê sufoco no rubro-negro como deu, em pleno Maracanã.

As equipes montam um esquema ferrolho, “boca de bode” e fica difícil penetrar. Quando Arrascaeta, o mais criativo jogador do time carioca, está fora, normalmente por contusão, o Flamengo sofre para vencer. É 1 a 0 e olhe lá.

O mesmo digo do Cruzeiro, que hoje pratica o melhor futebol do Brasil, mesmo faturando um quinto do que fatura o Flamengo. O time fez um primeiro turno espetacular e está a 3 pontos do líder. Ainda assim, quando empata ou perde um jogo, o que é normal no Brasileirão, os torcedores acham que o mundo acabou. Calma, minha gente! O jogo contra o Mirassol, por exemplo, amanhã, na casa do time paulista, será dificílimo.

O Cruzeiro venceu no turno por 2 a 1 e teve gente reclamando. Vale lembrar que o Mirassol faz bela campanha e está no G-6, e, ao contrário das previsões, não vai cair não. O torcedor acha que seu time tem de golear em todos os jogos e pensa que do outro lado não há um adversário. Não é assim que funciona, ainda mais num campeonato longo e disputado.

Vocês vão ver neste returno como os jogos serão mais difíceis. As equipes da zona da degola crescem para evitar a queda. As que estão no meio da tabela querem subir e chegar a Libertadores e as que estão em cima, precisam manter a posição. Quanto ao título, se não houver uma arrancada do Botafogo, por exemplo, vai ficar mesmo entre Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras.

Se dinheiro garantisse título em todas as temporadas, o Real Madrid, time mais rico e forte do mundo, seria campeão todos os anos. Mas não é assim que a banda toca. Na temporada passada, por exemplo, o time merengue não ganhou absolutamente nada, e olha que tinha o melhor treinador do mundo, Carlo Ancelotti, recheado de um grupo altamente qualificado.

O torcedor cruzeirense esquece o que o clube viveu de 2019 a 2022, quando quase fechou as portas. Hoje, é vice-líder do Brasileirão, está nas quartas de final da Copa do Brasil e luta pelas duas taças em igualdade de condições com seus pares, Flamengo e Palmeiras. Mas bastará um tropeço para alguns dizerem que está tudo errado, que tem que contratar. Sim, tem, mas não do jeito que o mercado se mostra.

Como pode um jogador como Vitinho, péssimo dos péssimos, custar R$ 850 mil mensais ao Corinthians, que aliás, deve até as cuecas? Onde esse time arrumou dinheiro para contratar, já que está devendo salários a Depay e outros jogadores? Fosse num país sério e o Timão seria rebaixado, mas no Brasil, tudo pode.

No caso do Cruzeiro, que paga suas contas rigorosamente em dia, que contratou grandes jogadores, pois tem um dono bilionário, os adversários crescem o olho e pedem valores irreais em atletas que o time azul busca no mercado. Mas, vão dar com a cara na parede, pois loucura a diretoria não fará. Vai contratar jogadores jovens, pontuais, e que sejam melhores que os reservas que lá tem. Isso se chama responsabilidade e coerência.

E pra fechar, não esperem jogos fáceis nesse returno, a começar pelo Mirassol. Um empate lá é um bom negócio, mas sabendo que o time paulista não vai disputar a taça. Os grandes que jogaram contra, ou perderam ou tiveram muita dificuldade para ganhar. É um time em ascensão, que não tem o poderio financeiro de Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras, mas que tem um grupo encaixado, um técnico competente e um projeto de médio prazo.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Claro que o Cruzeiro precisa se impor e tentar ganhar os 3 pontos, mas será uma tarefa difícil. Portanto, torcedores, um pouco mais de calma e racionalidade. Sei que vocês são apenas emoção, mas é preciso encarar a realidade do nosso futebol, que anda caindo pelas tabelas, e, a cada temporada, mais pobre tecnicamente, o que faz com que uma equipe pequena dê muito trabalho para uma grande.

São os novos tempos, onde o mi, mi, mi prevalece e os torcedores acham que há uma varinha de condão e que tudo será um mundo da fantasia. No futebol, é preciso planejar e estruturar, para ganhar títulos, fórmula mágica, não existe.

compartilhe