Na semana em que o Estado de Minas acompanhou os preparativos de “Piracema”, espetáculo que marca os 50 anos do Grupo Corpo, o movimento na sede da companhia, no Mangabeiras, na Região Sul de BH, não se concentrou apenas no terceiro andar, onde bailarinos e os coreógrafos Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches faziam os últimos acertos para a estreia na próxima quarta-feira (13/8), em São Paulo.

No primeiro andar, três grupos, formados por 24 pessoas, corriam contra o relógio para produzir o cenário, feito com 82.340 mil tampas de latas de sardinha.

“Conseguimos finalizar tudo antes da data prevista”, comemorou o ex-bailarino Felipe Bruschi. Ele coordenou os grupos formados por jovens alunos da escola de dança do Corpo. O mutirão teve também gente de fora, como o motoboy João Vítor Mendes da Silva, de 20 anos, que quis participar quando ficou sabendo que havia necessidade de mão de obra.

 

Trabalho começa com a retirada de bordas das tampas

Gladyston Rodrigues/EM D.A Press

Paulo Pederneiras, diretor artístico do Corpo, conta que a partir da escolha do nome do balé (sugestão de Claudia Ribeiro), criou-se o conceito do cenário. Ele mesmo comprou algumas latas de sardinha para o primeiro teste.

Tirou as tampas, pesou, fez cálculos e percebeu que a ideia poderia ser viável. “Havia outras questões, como o tempo de montagem e desmontagem, a maneira de transportar... Mas vi que funcionaria”, relembra Paulo.

 

Cada tampa é furada para receber o lacre com o qual será afixada nas placas

Gladyston Rodrigues/EM D.A Press

Mas onde conseguir a matéria-prima?

“O problema, óbvio, é que a gente não compraria 82 mil latas de sardinha. O que fazer com tanta sardinha?”, brinca Paulo. Para resolver o pepino, ele contou com Patrícia Galvão, ex-produtora do Corpo, que mora em São Paulo e conseguiu o fornecedor.

 

Tela de galinheiro é a base onde tampas são colocadas

Gladyston Rodrigues/EM D.A Press

O “matemático” Paulo chegou à conclusão de que seriam necessárias 280 placas de 1 metro por 1 metro para cobrir o fundo e as laterais do cenário. E mais: cada placa consumiria 294 tampas.

Seriam gastos ainda 280 metros de tela de galinheiro (onde as tampas ficam presas), 1.212 metros de perfil de alumínio (para a moldura das placas) e 256 metros de cabo de aço para sustentar toda a estrutura, além de outros materiais.

 

Durante oito dias, turmas de 24 pessoas se revezaram para construir o cenário

Gladyston Rodrigues/EM D.A Press

Durante oito dias de trabalho, o clima foi de descontração. Houve até campeonato envolvendo a agilidade dos dois grupos.

O vencedor montou uma placa em 23 minutos, bem acima da média de 40 minutos/placa.

Tampas de latas combinadas com a luz dão visual incrível ao cenário de 'Piracema'

José Luiz Pederneiras/divulgação


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