Luiz Felipe Scolari, ex-técnico do Atlético -  (crédito: Pedro Souza/Atlético)

Luiz Felipe Scolari, ex-técnico do Atlético

crédito: Pedro Souza/Atlético

É o seguinte, Felipe: aqui é a dona Lúcia. Você deve se lembrar de mim. Sim, eu mesma, a dona Lúcia que te escreveu aquela carta depois que você levou os 7 a 1 na corcova, o baile do Mineirão. Que baboseira, meu Deus, como fui capaz?! Também, eram outros tempos, outra Lúcia, uma terceirizada de si mesma, muito longe de ser a “dona”. Como vítima do patriarcado, não vou me culpar.

Felipão é o caralho! Seu nome é Zé Pequeno. Felipe, na melhor hipótese. Você sabe, eu não entendo muito de futebol, como eu tinha te falado na minha primeira missiva. Ou seja, eu sou igual a você. Mas eu entendo de ser humano, lembra que eu te disse?

Então. O melhor ser humano do mundo é o atleticano, sofrido, roubado, abandonado por Deus, e mesmo assim fiel e resiliente, raçudo e emocionado, orgulhoso e merecedor. O torcedor que mais torce. O ateu que mais reza. Sempre do lado certo da história. O ser humano em estado de arte.

Felipe, você xingou o atleticano.

Tripudiou em seus lamentáveis colóquios ao reportariado. Falou pro técnico do Cruzeiro se sentir em casa na Arena. Fiquei pensando se você não disse isso pro Joachim Löw, o comedor de meleca que te engoliu aquele dia.

Felipe, você xingou o atleticano. Em nome de todes es atleticanes, eu vou xingar você. Bah, hétero branco sulino!

Cabeça de melão, zé ruela, bocó, cabeça de pudim, paspalho, basculho, pateta, pamonha, tonto, maconheiro, panaca, besta, bobalhão, lambe-bota de genocida, 7 a 1 eterno. Mocorongo, pouca-telha, broxa, cara de fuinha, pequi roído, burraldo, pulha, mentecapto, covarde, energúmeno, desequilibrado, estrupício, babaca, embuste, bosta rala, cu de boi, distribuidor de camisa.

Não vá me chamar o Parreira pra fazer a leitura desta carta de novo, me poupe, agora eu quero é o Macalé! “Bom trabalho nos próximos anos”, escreveu aquela Lúcia pré-histórica, anônima e desempoderada. Todes viram a merda que você fez depois! Só bico pra frente e retranca, uma feiura danada. O Scarpa ali, e a bola só passando por sobre sua cabeça. Quem ganhou o returno foi o Everson, seu técnico de TV a cabo.

Agora que você se foi, atleticanes podem voltar a sonhar. Com a sua saída, o Crüzëirö ficou desfalcado na final, os adversários da Libertadores ganharam um baita de um problema, o Brasileirão tem um favorito. O último a contar com seus serviços foi o pobre do Mequinha, no fim de semana passado. Você até tentou entregar a rapadura. Mas esse delivery felizmente foi negado ao freguês, por obra do Paulinho.

Com tanto bobo no futebol, bom trabalho nos próximos ânus!

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Um salve às atleticanas que pediram a saída de Robinho do Galo. Tempo rei.

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Hoje, 8h30 da manhã, Reinaldo comanda o “Futebol por Brumadinho: Justiça para 272 vítimas”, jogo em memória das vítimas do rompimento da barragem da Vale, tragédia que completa 5 anos sem a punição aos responsáveis pelas mortes de 272 pessoas em janeiro de 2019. A partida rola no campo do Canto do Rio, em Brumadinho. O Rei será o camisa 9 do time dos familiares de vítimas.

Também em 2019, aconteceu o incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo. O goleiro Bernardo Pizetta, 14 anos, estava entre os 10 jovens mortos no alojamento da base. O pai de Bernardo, Darlei, foi o único a recusar acordo com o Flamengo para pagamento de uma indenização que o clube fez de tudo para tornar menor. Darlei Pizetta também estará presente.

A transmissão ao vivo acontece no YouTube da AVABRUM, Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, e do projeto Legado de Brumadinho.