Sábado era um dia de muita alegria nos anos passados. Não sei se fui eu que perdi o contato com a programação ou se tudo mudou mesmo. Houve um tempo em que o dia começava com uma chegada à Praça da Liberdade, onde barraquinhas vendiam desde peças antigas até cerveja bem gelada.

 


Por uma das coisas que fazia, no passado, criei esses pontos de venda de objetos pequenos, que funcionava a todo pano. Era tão movimentado que o governador da época resolveu doar à praça um “banheiro” removível. Tinha uma privada para atender aos bebedores de cerveja e uma pequena pia para lavar a mão.


Foi um achado e tanto, porque a precisão era tão grande que recebi, com reserva, uma chave para aquela construção que ficava no centro da praça. O governador, que era uma bela figura, resolveu apoiar a programação com o banheiro público. Tentei de todas as formas que ele fosse inaugurar a novidade, mas ele se negou, com toda razão – já imaginaram um governador saindo do palácio em frente para inaugurar um banheiro?

 


O certo é que a cidade vai deixando de lado essas “novidades” e ficando mais triste. Na praça, aliás, onde se reunia a mocidade para passeio de um lado para o outro, nas noites de quinta-feira e domingo, começaram vários namoros, que terminaram em casamentos que estão aí, até hoje.


Curiosidade é que, nas férias de meio e fim do ano, o local ficava lotado de mocidade que vinha do Rio ou São Paulo para aproveitar os programas “de interior” da capital. Não sei onde a mocidade de hoje se reúne, mas acredito que seja em bares. Com isso, a carga alcoólica aumenta e o romantismo fica de lado.

A lista dos 100 melhores restaurantes do Brasil, publicado anualmente pela revista Exame Casual, tem como objetivo apresentar um panorama da gastronomia do país através de endereços que se destacaram nos últimos 12 meses. Nesta edição, entraram nove restaurantes mineiros, sendo oito de Belo Horizonte e um de Tiradentes Victor Schwaner/Divulgação
Em 58º lugar, a bodega moderna Gata Gorda, da chef Bruna Martins, duplamente citada na lista, une Brasil e Espanha em uma seleção criativa de tapas Victor Schwaner/Divulgação
Em atividade há 11 anos, o Birosca, casa mais de Bruna Martins, mistura clássicos mineiros com influências do mundo todo, alcançando a 42ª posição Victor Schwarner/ Divulgação
A experiência da Degustação Guiada de Queijos Mineiros é um dos diferenciais do Trintaeum, que chegou ao 57º lugar Victor Schwaner
O único restaurante mineiro que não está em Belo Horizonte é o Tragaluz, de Tiradentes, no Campo das Vertentes, que atualmente está sob o comando do chef Felipe Rameh. Passou da 34ª para a 98ª posição nesta edição Luiza Bongir/Divulgação
Um dos mais conhecidos restaurantes de comida mineira de BH, o Xapuri, de Flávio Trombino, em 67º lugar, oferece em um ambiente de fazenda mesa farta e tradição Qu4rto Studio/Divulgação
Outro restaurante de Leo Paixão que aparece na lista, em 88º lugar, o Ninita mistura Itália e Minas Gerais em uma homenagem à bisavô do chef, Ninita Rubens Kato/Divulgação
Instalado no Mercado Novo, o Cozinha Tupis, de Henrique Gilberto, serve no balcão pratos que contam a história de Belo Horizonte. Com essa gastronomia, chegou à 60ª posição Acervo Pessoal
O restaurante mais bem colocado entre os mineiros é o Glouton, de Leo Paixão, que abocanhou o 18º lugar com uma cozinha autoral contemporânea Rubens Kato/Divulgação
Na 38ª posição, o Pacato, de Caio Soter, mostra como a cozinha mineira pode se modernizar, sem deixar de lado os ingredientes mais tradicionais, como porco, milho e verduras Victor Schwaner/Divulgação


Uma atração extra era o cine-grátis, que, se não estou enganada, acontecia nas noites de sábado. O trânsito de veículos era modificado e o filme passado em tela colocada na Avenida Afonso Pena. A noite de cinema era o máximo, e sempre terminava com o chamado “footing” na praça.

 


Melhor do cinema é quem tinha automóvel e podia ficar comodamente assentado, vendo o filme, numa boa. Essas diversões gratuitas acabaram, porque a cidade cresceu e era um risco calculado sair à noite, sem segurança. Mas como era de meu tempo, nunca vi qualquer tipo de assalto, agressão em quem transitava à noite pela região. Sair sozinha nos dias atuais, à noite, nem pensar.


Outra coisa boa dos sábados belo-horizontinos é que vários restaurantes tinham como prato principal do almoço uma bela feijoada. A do Minas Tênis ainda podia ser degustada na varanda, aproveitando os corajosos na piscina embaixo. Até no Automóvel Clube tinha feijoada aos sábados, para quem queria ser requintado.


Nos dias de hoje, tem ótimas feijoadas oferecidas, inclusive demos uma matéria sobre o assunto no caderno Degusta do último dia 11. Preciso pedir em um desses restaurantes, porque, com o frio que anda fazendo na cidade, seria uma ótima programação para fechar a semana.

 

 

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