A Islândia, conhecida por ser um dos últimos refúgios do mundo sem mosquitos, registrou pela primeira vez a presença do inseto em seu território. A descoberta inédita de três exemplares da espécie Culiseta annulata perto da capital, Reykjavík, acende um alerta sobre os impactos do aquecimento global e da globalização na fauna local.

O naturalista amador Björn Hjaltason quem descobriu os mosquitos. Ele havia preparado armadilhas para a captura de mariposas em uma localidade a cerca de 30 km da capital, Reykjavík.

Islândia é conhecida pelas baixas temperaturasPexels

Até agora, apenas a Antártida permanecia livre desses insetos. A chegada dos mosquitos à nação insular, confirmada pelo Instituto de Ciências Naturais da Islândia, quebra uma longa barreira natural que protegia o país. A espécie encontrada é adaptada a climas frios e pode sobreviver a invernos rigorosos, o que aumenta a preocupação de que consiga estabelecer uma população permanente.

Para alguns especialistas, o fenômeno está diretamente ligado às mudanças climáticas. Estudos indicam que a Islândia está aquecendo a um ritmo quatro vezes maior que a média do Hemisfério Norte. Esse aumento de temperatura cria um ambiente mais favorável para que novas espécies, antes incapazes de sobreviver no frio extremo, consigam se instalar e reproduzir.

Na Revolução do Haiti (1791-1804), por exemplo, um dos líderes da independência haitiana atraiu os colonizadores franceses para áreas com muitos mosquitos que transmitiam doenças mortais.  Imagem de Gleb Korovko por Pixabay
Na Revolução do Haiti (1791-1804), por exemplo, um dos líderes da independência haitiana atraiu os colonizadores franceses para áreas com muitos mosquitos que transmitiam doenças mortais.  Imagem de Gleb Korovko por Pixabay
E uma curiosidade: No passado, já foi comum usar mosquitos como tática de guerra. A estratégia era expor os inimigos a doenças para que eles morressem sem assistência. AFPMB - Flickr
Por ano, são 725 mil mortes causadas por mosquitos, contra 125 mil das cobras, em todo o mundo. Além da leishmaniose, mosquitos também transmitem doenças que podem ser fatais, como dengue, febre amarela, chikungunya e malária. Imagem free de Francisco Corado do site pixabay.com
Por ano, são 725 mil mortes causadas por mosquitos, contra 125 mil das cobras, em todo o mundo. Além da leishmaniose, mosquitos também transmitem doenças que podem ser fatais, como dengue, febre amarela, chikungunya e malária. Imagem free de Francisco Corado do site pixabay.com
É muito importante se proteger de mosquitos em geral. De acordo com um levantamento da Fundação Bill e Melinda Gates, o inseto é o mais mortal do mundo e causa mais óbitos do que feras como leões, tigres, cobras e tubarões. Imagem free de WikiImages do site pixabay.com
É muito importante se proteger de mosquitos em geral. De acordo com um levantamento da Fundação Bill e Melinda Gates, o inseto é o mais mortal do mundo e causa mais óbitos do que feras como leões, tigres, cobras e tubarões. Imagem free de WikiImages do site pixabay.com
Para se prevenir da doença, use repelentes e telas mosquiteiras bem fininhas. Quem tiver jardim em casa deve mantê-lo sempre limpo já que o mosquito se alimenta de fezes e alguns tipos de lixo.  Reprodução do facebook.com/oficialfiocruz
Para se prevenir da doença, use repelentes e telas mosquiteiras bem fininhas. Quem tiver jardim em casa deve mantê-lo sempre limpo já que o mosquito se alimenta de fezes e alguns tipos de lixo.  Reprodução do facebook.com/oficialfiocruz
A doença é mais comum em países tropicais, como o Brasil. O mosquito-palha que carrega o protozoário tem hábitos noturnos. Mede de 2 a 3 milímetros e por isso é capaz de atravessar malhas dos mosquiteiros e telas. Ele é amarelado. Prefeitura de Manaus - Flickr
A doença é mais comum em países tropicais, como o Brasil. O mosquito-palha que carrega o protozoário tem hábitos noturnos. Mede de 2 a 3 milímetros e por isso é capaz de atravessar malhas dos mosquiteiros e telas. Ele é amarelado. Prefeitura de Manaus - Flickr
Não há transmissão direta entre pessoas e nem de um animal para o outro. Portanto, a doença não é contagiosa. Imagem de Erik Karits por Pixabay
Não há transmissão direta entre pessoas e nem de um animal para o outro. Portanto, a doença não é contagiosa. Imagem de Erik Karits por Pixabay
O mosquito carrega o protozoário chamado leishmania, que é transmitido pela picada da fêmea. A doença também pode afetar animais, como cachorros e ratos. James Gathany - Flickr
O mosquito carrega o protozoário chamado leishmania, que é transmitido pela picada da fêmea. A doença também pode afetar animais, como cachorros e ratos. James Gathany - Flickr
A adolescente foi picada pelo mosquito-palha, transmissor da leishmaniose, uma doença que começa com úlceras na pele e febre e pode levar à morte, se for ignorada. Reprodução do site fapeam.am.gov.br
A adolescente foi picada pelo mosquito-palha, transmissor da leishmaniose, uma doença que começa com úlceras na pele e febre e pode levar à morte, se for ignorada. Reprodução do site fapeam.am.gov.br
Fabiana destacou que foram dias de muito desespero, mas, pelo menos, a jovem parecia não ter ficado com traumas, o que facilitaria a recuperação . A unidade informou que os processos de limpeza, dedetização e desratização vinham sendo feitos com regularidade. Ray Wilson - Wikimédia Commons
Fabiana destacou que foram dias de muito desespero, mas, pelo menos, a jovem parecia não ter ficado com traumas, o que facilitaria a recuperação . A unidade informou que os processos de limpeza, dedetização e desratização vinham sendo feitos com regularidade. Ray Wilson - Wikimédia Commons
A mãe da adolescente, a administradora de empresas Fabiana Borin, declarou ao UOL na ocasião que sua filha gritava de dor e diversas vezes precisou tomar morfina. Rovena Rosa/Agência Brasi
A mãe da adolescente, a administradora de empresas Fabiana Borin, declarou ao UOL na ocasião que sua filha gritava de dor e diversas vezes precisou tomar morfina. Rovena Rosa/Agência Brasi
Quinze dias após a picada, ainda com dores e pus no local, ela precisou ser internada no Hospital das Laranjeiras. Os médicos logo avisaram que a jovem poderia ter que amputar a perna. Após 49 dias hospitalizada, ela perdeu 30% da panturrilha esquerda. Tânia Rêgo/Agência Brasil
Quinze dias após a picada, ainda com dores e pus no local, ela precisou ser internada no Hospital das Laranjeiras. Os médicos logo avisaram que a jovem poderia ter que amputar a perna. Após 49 dias hospitalizada, ela perdeu 30% da panturrilha esquerda. Tânia Rêgo/Agência Brasil
O Parque Estadual tem uma área de 1.927,70 hectares, algo em torno de 19,3 km² , entre as cidades de Caieiras e Franco da Rocha. � uma área de preservação ambiental, única remanescente de Cerrado nas redondezas. Reprodução do site saopaulo.sp.gov.br/
O Parque Estadual tem uma área de 1.927,70 hectares, algo em torno de 19,3 km² , entre as cidades de Caieiras e Franco da Rocha. É uma área de preservação ambiental, única remanescente de Cerrado nas redondezas. Reprodução do site saopaulo.sp.gov.br/
Os alunos tinham que lavar e pintar pneus para a confecção de bancos na aula de artes. No entanto, o local estava com mato muito alto, até a altura do joelho dos adolescentes. RonanW Humberto Do Lago Müller - Wikimédia Commons
Os alunos tinham que lavar e pintar pneus para a confecção de bancos na aula de artes. No entanto, o local estava com mato muito alto, até a altura do joelho dos adolescentes. RonanW Humberto Do Lago Müller - Wikimédia Commons
Tudo começou quando uma professora levou a classe para um exercício na horta da Escola Estadual Doutor Mário Toledo de Moraes, no bairro Laranjeiras, e na mata do Parque Estadual do Juquery. É uma região com muitos mosquitos e à noite a jovem começou a reclamar de dores na panturrilha. Reprodução do facebook.com/eedrmariotoledodemoraes
Tudo começou quando uma professora levou a classe para um exercício na horta da Escola Estadual Doutor Mário Toledo de Moraes, no bairro Laranjeiras, e na mata do Parque Estadual do Juquery. É uma região com muitos mosquitos e à noite a jovem começou a reclamar de dores na panturrilha. Reprodução do facebook.com/eedrmariotoledodemoraes
Maria Clara Oliveira Nogueira, jovem moradora de Caieiras, na Região Metropolitana de São Paulo, foi picada durante uma atividade escolar em fevereiro de 2022. Foto de Arquivo pessoal reprodução site noticias.uol.com.br
Maria Clara Oliveira Nogueira, jovem moradora de Caieiras, na Região Metropolitana de São Paulo, foi picada durante uma atividade escolar em fevereiro de 2022. Foto de Arquivo pessoal reprodução site noticias.uol.com.br
Todos sabem que mosquitos são insetos perigosos que transmitem uma grande variedade de doenças. Mas existem casos que causam perplexidade. Um deles aconteceu com uma adolescente de 14 anos no estado de São Paulo. Ela perdeu parte da perna após uma picada de mosquito. O FLIPAR mostrou e relembra o caso como alerta sobre os cuidados. Foto de arquivo pessoal reprodução do site noticias.uol.com.br Reprodução do facebook.com/eedrmariotoledodemoraes/ James Gathany - Flickr
Todos sabem que mosquitos são insetos perigosos que transmitem uma grande variedade de doenças. Mas existem casos que causam perplexidade. Um deles aconteceu com uma adolescente de 14 anos no estado de São Paulo. Ela perdeu parte da perna após uma picada de mosquito. O FLIPAR mostrou e relembra o caso como alerta sobre os cuidados. Foto de arquivo pessoal reprodução do site noticias.uol.com.br Reprodução do facebook.com/eedrmariotoledodemoraes/ James Gathany - Flickr

Além do clima, a intensificação do tráfego marítimo e aéreo global facilita o transporte de espécies invasoras. Os mosquitos provavelmente chegaram ao país por meio de navios ou em contêineres de carga, uma rota comum para a dispersão de insetos pelo mundo.

O que os mosquitos na Islândia representam?

  • Após o naturalista amador coletar os mosquitos, ele encaminhou o material ao entomologista Matthias Alfredsson, do Instituto de Ciências Naturais da Islândia, que confirmou os insetos eram da espécie Culiseta annulata;

  • Esse é o primeiro registro de mosquitos no ambiente natural da Islândia;

  • Há muitos anos, um único exemplar de Aedes nigripes havia sido coletado em um avião no aeroporto de Keflavik, mas o inseto acabou perdido;

  • Segundo o entomologista, a presença dos mosquitos representa uma introdução recente, possivelmente por meio do transporte naval;

  • Para ele, há a necessidade de monitorar a situação para verificar se haverá disseminação da espécie pelo país;

  • Apesar do aumento acelerado das temperaturas, o entomologista está entre aqueles estudiosos que não fazem relação entre o aparecimento dos mosquitos e as mudanças climáticas;

  • Ele afirma que a espécie Culiseta annulata é adaptada a climas frios e suporta longos e rigorosos invernos, mesmo com temperaturas abaixo de zero.

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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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