O câncer de mama é o segundo tipo de neoplasia mais comum entre as mulheres no Brasil, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que em 2023 serão diagnosticados mais de 70 mil casos de câncer de mama no país. Para o triênio de 2023 a 2025, o número chega a 704 mil novos casos.



 Suas causas ainda são pouco conhecidas, mas uma somatória de fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento, como: mutações genéticas, histórico familiar, fatores ambientais e hormonais. Os principais sinais do câncer de mama são: nódulo fixo e indolor, que pode aparecer nas regiões da mama ou axila; pele da mama avermelhada; e alterações no bico do peito (mamilo). Apesar dos sintomas, a maioria dos casos são detectados em estágios mais avançados, o que dificulta o tratamento.

Com o reconhecimento prévio da doença, é possível conter o avanço das células cancerígenas e evitar que elas contaminem outras regiões do corpo, formando as chamadas metástases, estágio mais avançado do tumor. “O câncer de mama é frequentemente um tumor que gosta de migrar para o osso e a medicina nuclear já vem atuando nesse rastreamento há muitos anos. O primeiro exame disponível para esse diagnóstico é a cintilografia óssea, que pode avaliar todo o esqueleto a partir de uma pequena quantidade de material radioativo injetado na paciente. É um método seguro, barato, que tem cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é usado amplamente. A sua taxa de performance, ou seja, potencial de detectar lesões é da ordem de 85%”, explica Adelina Sanches, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).


 
Outros exames da medicina nuclear que demonstram uma excelente performance em câncer de mama são as tomografias por emissão de pósitrons (PET/CT). Para tumores muito avançados, a paciente pode avaliar o corpo inteiro, que vai mostrar se ela está com a doença no pulmão, no fígado, em outros órgãos ou no próprio esqueleto. É um exame que apresenta performance superior à cintilografia óssea.





Nos últimos cinco anos, esse exame passou por um avanço, tornando-se ainda mais eficiente para a detecção do câncer de mama, conforme explica a diretora da SBMN: “Mais recentemente, foi desenvolvido o PET/CT com FES, que é o flúor-estradiol, análogo ao hormônio feminino estradiol. Esse traçador é injetado para rastrear lesões que expressam receptores de estrógenos, presentes em 70 a 80% dos tumores de mama. Então, o traçador irá se grudar em todos os receptores desse tipo de tumor que possa expressar receptores de estrógeno”, Dra. Adelina Sanches.

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 As vantagens deste tipo de exame são muitas, como aponta a diretora da SBMN: “Ter um traçador específico traz muitos ganhos, pois, se a paciente estiver com um câncer de mama e outro de pulmão, por exemplo, e o exame captar FES, eu consigo definir que essa metástase é decorrente do câncer de mama. Ou, então, se a paciente já teve um câncer de mama e aparece uma lesão suspeita, se ele é positivo nesse tipo de PET, a gente também consegue determinar que aquela lesão é metastática do câncer de mama. Isso ajuda muito na deflagração de terapias, muitas vezes até poupando a mulher de novas biópsias e novos procedimentos invasivos”.

 Por fim, Adelina Sanches traz uma boa notícia as pacientes que descobriram recentemente o câncer de mama ou que estão no início de seus tratamentos: “A boa notícia é que os exames de PET/CT com FES já são produzidos e vendidos no Brasil, pelo Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), que é um dos braços da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do governo que investe em pesquisa e desenvolvimento, buscando um uso cada vez mais amplo e seguro das técnicas do setor nuclear”.

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