Uma injeção de prevenção contra eventuais infecções causadas pelo HIV foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Santiária (Anvisa) para ser comercializado no país. No entanto, ainda não há data para o medicamento ser colocado à disposição do público.





A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deverá conduzir o projeto piloto da injeção contra Aids. O medicamento injetável é o Cabotegravir é uma profilaxia pré-exposição (PrEP) tem a função de prevenir os efeitos do vírus que causa a Aids.

A Anvisa concedeu o registro de novo medicamento, em forma de injeção aplicada a cada dois meses para prevenir a infecção pelo HIV. Desenvolvida pela farmacêutica GSK, o nome comercial é Apretude, e funciona como uma profilaxia pré-exposição ao vírus (PrEP).


Ainda não há uma previsão de quando a medicação injetável será oferecida pela rede do Sistema Únido de Saúde (SUS). É necessária, antes, uma avaliação do Ministério da Saúde para decidir se irá incorporar ou não o novo medicamento à estratégia da PrEP e definir as regras para isso.





Também não há previsão para ele ser comercializado na rede privada. A Fiocruz anunciou, no ano passado, a disposição de implementar um projeto piloto com a PrEP injetável no Brasil, uma iniciativa financiada pela Unitaid, agência global de saúde ligada à OMS.

A Fiocruz é quem produz hoje a versão em comprimidos da profilaxia distribuída nos postos de saúde do país.

Não é vacina

A PrEP, ainda que injetável, não é considerada uma vacina. A OMS avalia que se trata de um um imunizante é caracterizado por induzir uma resposta do sistema imunológico, como por meio da produção de anticorpos ou de células de defesa.

Na medicação são utilizados fragmentos enfraquecidos ou inativados de vírus e bactérias, ou partículas que simulem esses agentes infecciosos para que o sistema imune os reconheça e se prepare.





É necessário que a pessoa esteja sempre recebendo o medicamento em um esquema contínuo, ou seja, que não pode ser interrompido, ou a proteção desaparece.

Grupos de Risco

Desde 2017, a estratégia de prevenção é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de comprimidos diários. A terapia se destinada a grupos considerados de maior risco de exposição ao HIV, como homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e pessoas que não vivem com o vírus, mas estão em um relacionamento sorodiscordante (em que a outra pessoa vive com o HIV).

O comprimido, que deve ser tomado diariamente, é uma combinação de dois antirretrovirais, tenofovir + emtricitabina, que bloqueiam os “caminhos” que o HIV utiliza para infectar o organismo. Com isso, caso o indivíduo seja exposto ao vírus, o risco de contaminação é mais de 90% menor.

Segundo o Painel PrEP, do Ministério da Saúde, desde a implementação, até abril deste ano, 81.824 brasileiros acessaram a terapia no país – 89% pela rede pública. No entanto, mais de 22 mil deixaram de aderir à estratégia.





Especialistas afirmam que as dificuldades para a profilaxia é que é necessário submeter o paciente a uma dosagem elevada de comprimidos diários, o que leva à desistência de muitos.

O Cabotegravir, desde julho do ano passado é indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aos países como uma alternativa mais eficaz da PrEP. Nações como Estados Unidos, Austrália e Zimbabue autorizam o uso do medicamento.

Nos estudos clínicos, o Cabotegravir apresentou uma eficácia 69% maior do que os comprimidos diários para evitar a infecção pelo HIV. Ele funciona por meio de duas aplicações mensais no início, e depois uma a cada dois meses – reduzindo a frequência de 365 vezes ao ano, com os comprimidos, para apenas seis. A injeção é feita nos glúteos (nádega).

Especialistas afirmam que essa eficácia superior observada nos estudos pode ser justamente devido à maior facilidade na adesão, já que na estratégia atual é preciso que o indivíduo tenha o comprometimento diário de tomar o comprimido para garantir a proteção.





Doença avança

O avanço de novas formas de prevenir a infecção pelo HIV é importante no momento em que o Brasil registra um avanço no número de novas contaminações. De acordo com a edição mais recente do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, entre 2011 e 2021 o número de diagnósticos saltou 198% no país, passando de 13,7 mil ao ano para 40,9 mil.

Segundo o Ministério da Saúde, um milhão de brasileiros vivem com o vírus. No mundo, o programa para aids das Nações Unidas (Unaids) estima um total de 38,4 milhões de indivíduos.

Com a terapia antirretroviral (TARV), os casos da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) caíram 18,5% no mesmo período no Brasil, passando de 43,2 mil novas notificações, em 2011, para 35,2 mil, em 2021.

Os medicamentos atuais conseguem controlar a infecção do HIV, impedindo a evolução para a sua forma grave, que é a AIDS.

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