Independência, liberdade, autonomia, respeito, inclusão e poder para pessoas com deficiência visual, dislexia, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA)Síndrome de Down, idosos com fadiga e também para analfabetos.



É o que entrega a tecnologia OrCam MyEye, um dispositivo de 22 gramas que se conecta a todo tipo de armação de óculos e abre o mundo para essas pessoas. Desenvolvido em Israel em 2015, por Amnon Shashua e Ziv Aviram, donos da empresa de tecnologia Orcam, ele é capaz de transformar qualquer texto, de livros, a embalagens, placas, e cédula de dinheiro, em voz alta, simultaneamente e sem precisar de conexão à internet.

O dispositivo lê texto, reconhece rostos, identifica produtos e muito mais. Uma revolução: “O OrCam MyEye significa democracia. Inclusão de fato, não é narrativa. Está presente em 50 países e em 900 municípios brasileiros. O OrCam é possibilidade de enxergar por equidade”, enfatiza Doron Sadka, CEO da Mais Autonomia - tecnologias assistivas. Ele é o representante exclusivo no Brasil da tecnologia da Orcam, fundada em 2010 com foco em desenvolver a inteligência artificial. 

Com o OrCam MyEye, basta indicar com o dedo onde quer que ele leia. O sensor óptico captura a imagem e, por meio da inteligência artificial, converte as informações instantaneamente em áudio por meio de um pequeno alto-falante localizado acima do ouvido. No Brasil, o dispositivo chegou pela empresa Mais Autonomia, em 2018. O contato de Doron Sadka com a tencologia ocorreu em uma viagem para Israel, ocasião em que decidiu representar o dispositivo por aqui, com o sistema adaptado em português, inglês e espanhol.




“Sou de formação publicitária, mas, na busca de um propósito de vida, tinha como sonho atuar na área social, e encontrei algo que leva luz para as pessoas. O OrCam gera dignidade e evolução. Digo que cego é quem não enxerga os cegos, tornando-os invisíveis. Não tinha ideia, mas conversando com muitos, descobri que não é a deficiência o principal obstáculos para eles, mas a dependência de ter de pedir ajuda muitas vezes, a falta de autonomia. Com o OrCam, ele saberá a característica de quem estará na sua frente, criança, mulher, homem; se é uma pessoa específica se for importante para ele (a imagem desta pessoa será gravada pelo algoritmo e o cego pode chamar a pessoa pelo nome e reconhece-la), ao abrir a geladeira em casa, sem precisar experimentar ou por tato, o dispositivo falará se é o leite ou a maçã; a mulher saberá a cor do batom que vai usar, enfim, a pessoa ganha independência”, enfatiza Doron. 
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Tem OrCam em Minas e Belo Horizonte?

Por ser uma tecnologia importada e de alto custo, a tecnologia ainda não é acessível para todos com deficiência visual no Brasil. O valor do Orcam MyEye é R$ 14.900 à vista ou R$ 16.900 em 12 vezes no cartão de crédito. Doron explica que há um financiamento pelo BB Acessibilidade e o dispositivo pode comprado em até 60 parcelas iguais, com juros de 4% ao ano. Mas o gestor público pode adquirir o produto. A lei permite que o dispositivo seja comprado por inexigibilidade, sem necessidade de licitação, porque a Mais Autonomia é a única representante do equipamento no país.

“Em Israel, o governo paga 50% da tecnologia porque tem o subsídio. França e Alemanha também. Aqui no Brasil não tem política de subsídio para tecnologia assistiva ainda. Então, comecei a entrar em contato com governadores, prefeitos e reitores de universidades para explicar como era o dispositivo. E já estamos em 900 municípios, em vários estados do país, e os usuários recebem em regime de comodato. Em Minas, ainda não estamos tão presentes. Não tive contato com Zema ou Fuad . Mas o OrCam foi adquirido para a biblioteca da Universidade de Juiz de Fora e temos presença também em Uberlândia”, conta Doron.



Para o OrCam chegar a quem realmente precisa teria de alcançar mais de 35 milhões de brasileiros com deficiência visual, dado do Censo de 2010 do IBGE. Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta a falta de acesso às tecnologias assistivas. Mais de 2,5 bilhões de pessoas precisam de um ou mais produtos assistivos no mundo, mas quase 1 bilhão não têm acesso, principalmente em países de baixa e média renda.
Empolgado, Doron fala da entrada do OrCam nas instituições de ensino. O que ocorreu depois que ele se deparou com os números do último censo do IBGE sobre pessoas com deficiência: "Na Bahia, adquirido

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