Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Advogado ligado à família Bolsonaro deixa defesa de Mauro Cid

O advogado Rodrigo Roca deixou, nesta quarta-feira (10/5), a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele alegou “razões de foro profissional” e “impedimentos familiares” da parte dele. A informação foi adiantada pelo GloboNews.





Rodrigo Roca é um nome próximo a família Bolsonaro. Ele foi advogado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das "rachadinhas" e, em 2022, indicado pelo ex-chefe do Executivo ao cargo de Secretário Nacional do Consumidor (Senacon).


Mauro Cid está preso há uma semana, após ser alvo da Operação Venire, da Polícia Federal, que investiga um esquema de inserção de dados falsos da vacina da COVID-19 no sistema do Ministério da Saúde. Segundo a corporação, teriam sido falsificados os certificados de imunização do novo coronavírus de Bolsonaro e de sua filha caçula, hoje com 12 anos. O ex-ajudante de ordens também teria obtido o documento irregular para si, sua mulher e suas filhas.

De acordo com informações dos bastidores, a família de Cid não aceita que ele assuma total responsabilidade sobre o caso. Uma parte dos parentes, inclusive, defende que ele faça uma delação premiada. O jurista também deixou a defesa do ex-ministro e ex-secretário de segurança do Distrito Federal Anderson Torres — preso por suposta omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro.





O deputado federal André Janones (Avante-MG) comentou o caso nas redes sociais. O parlamentar acredita na possibilidade de delação. “Desde o início da descoberta da existência de uma quadrilha chefiada por Bolsonaro para fraudar o SUS e adulterar documentos públicos, é a primeira vez que existe um sinal real de que a delação, e a consequente prisão de Bolsonaro, podem ocorrer a qualquer momento”, escreveu via Twitter.


Outros inquéritos

Mauro Cid também é investigado no inquérito que investiga a propagação de notícias falsas por parte de Jair Bolsonaro. Em uma live realizada em outubro do ano passado, o ex-presidente relacionou a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) à vacina contra a covid-19. O militar ajudou a produzir o material divulgado pelo então presidente e, por isso, também foi incluído no inquérito.

Em outra polêmica, o coronel também auxiliou Bolsonaro a realizar o PowerPoint apresentado durante reunião com os embaixadores no Palácio da Alvorada, no ano passado, em que o ex-presidente atacou o processo eleitoral brasileiro. O militar ainda é alvo de uma investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) por vazamento de dados sigilosos de um inquérito sobre ameaças às urnas eletrônicas.