Jornal Estado de Minas

PORTUGAL

Chico Buarque critica gestão Bolsonaro: 'Anos de estupidez e obscurantismo'


Chico Buarque foi agraciado com o prêmio Camões, nesta segunda-feira (24/4), em Sintra, Portugal. Em discurso, ele fez questão de lembrar a gestão da cultura no governo de Jair Bolsonaro (PL), a qual ele chamou de “anos de estupidez e obscurantismo”. O ex-presidente deveria assinar o diploma do prêmio em 2019, mas se recusou.





Durante sua fala, o cantor, compositor e escritor, destacou o prêmio como uma conquista coletiva da classe artística brasileira. “Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, disse.

Chico também afirmou que valeu a pena esperar para receber o prêmio nas vésperas da celebração da Revolução dos Cravos, nesta terça-feira (25/4), data que marca o fim da ditadura militar em Portugal. No Brasil, Chico ficou conhecido também por seu ativismo contra o regime militar (1964-1985), tendo, inclusive, que recorrer ao exílio em 1969.

A condecoração com o prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa, ocorre com quatro anos de atraso. Chico recebeu a honraria das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ironizou a recusa de Jair Bolsonaro.







“Hoje, porém, nesta tarde de celebração, me conforta lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula”, disse Chico em meio a aplausos.

O artista foi o 13º brasileiro a levar a honraria que premia escritores lusófonos pelo conjunto da obra com 100 mil euros, divididos entre Portugal e o Brasil. O diploma tem, tradicionalmente, a assinatura do presidente brasileiro e do presidente português.