Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA ELEITORAL

TSE proíbe que campanha de Lula relacione Bolsonaro ao canibalismo

Francisco Artur - Correio Braziliense
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu, no último sábado (7/10), uma liminar para que a campanha do candidato à presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retire do ar um vídeo que associa o atual chefe do Executivo e postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), à prática de canibalismo.




 
Assinada pelo ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, a decisão que proíbe o uso do vídeo em propagandas eleitorais de Lula valerá para iniciativas na TV e na internet. "Em análise superficial, típica dos provimentos cautelares, verifica-se que, como alegado, a propaganda eleitoral impugnada apresenta recorte de determinado trecho de uma entrevista concedida pelo candidato representante, capaz de configurar grave descontextualização", afirmou o ministro na decisão. A determinação tem caráter provisório e atendeu a um pedido da campanha de Bolsonaro.
 
O material analisado pelo TSE é uma entrevista concedida no ano de 2016 a um repórter do jornal New York Times em que o então deputado federal Bolsonaro fala que poderia se alimentar de carne humana. No vídeo, o atual presidente conta que só não comeu porque ninguém quis acompanhá-lo.
 
"Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, 'se for ver, tem que comer', daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui", disse Bolsonaro na entrevista.




Além da proibição do uso do vídeo, o ministro Sanseverino impôs que campanha de Lula não produza novos materiais sobre o assunto. A decisão também ordena a remoção de conteúdos que usam a entrevista nas redes sociais usadas por Lula em sua candidatura.

Após saber da decisão do TSE, durante caminhada em Belo Horizonte neste domingo (9/10) Lula questionou o fato de a corte eleitoral mandar a retirada de materiais baseados em fatos. “A Justiça pediu para tirar coisa nossa que não é fake news. É o presidente falando em entrevista. Ele pensa assim. Se puder, ele come índio", afirmou.