Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Lula mescla defesa a Minas Gerais e ataque a Bolsonaro em discurso em BH

Ígor Passarini e Matheus Muratori

O discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde deste domingo (09/10) na Praça Tiradentes, Região Centro-Sul da capital de Minas Gerais, foi marcado pela valorização do estado mineiro, ataques ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL) - rival de Lula no segundo turno da eleição presidencial - e outras pautas recorrentes nas falas do petista. Entre elas, estão defesa da mulher, de povos originários e também ao meio ambiente.





 

 


Foram 11 minutos de um discurso marcado pela empolgação de Lula, mesmo após participar de uma caminhada (ele estava em cima de uma caminhonete) com os milhares de apoiadores, que começaram a descer da Praça da Liberdade por volta de meio-dia. Pouco mais de uma hora e meia de caminhada, o pronunciamento foi feito na Praça Tiradentes.

Lula iniciou valorizando o território mineiro. O candidato do PT citou a Inconfidência Mineira, de 1789, que lutou contra o domínio português, e o assassinato de Tiradentes - que dá nome à praça onde parte do ato desse domingo foi finalizado - pelos governantes da época.

"Foi aqui em Minas Gerais que surgiu o primeiro embrião da Independência do Brasil. O que vocês estão demonstrando hoje é que os ditadores da época enforcaram Tiradentes, esquartejaram, salgaram e penduraram em um poste a sua carne para que ninguém nunca mais ousasse falar em independência. O que eles não sabiam é que eles mataram apenas a carne. As ideias continuaram com o povo de Minas Gerais", declarou.



Lula terminou à frente no primeiro turno, com 48,43% dos votos válidos no último domingo (2), no primeiro turno. Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, teve 43,20%.


Bolsonaro também ficou atrás do petista em Minas Gerais, com 43,6% dos votos. Lula recebeu 48,29%. Já em BH, o atual presidente pontuou 46,60%, contra 42,53% do ex-presidente.

Na sequência, Lula disse que "Minas não suporta ditadura, Minas não suporta opressão" e defendeu uma política pública voltada para emprego, cultura, mais oportunidades para os jovens e respeito às mulheres. 

Ataques a Bolsonaro


Lula chamou Bolsonaro de "genocida" quando abordou debates na TV no segundo turno. Para este mês de outubro, há cinco debates agendados, mas Lula deve ir somente a dois deles. As datas são: dia 16, da Band; 17, da RedeTV; 22, do SBT; 23, da Record; e 28, da Globo.





"Ainda vou para o Rio de Janeiro, ainda vou voltar uma vez para Minas Gerais, ainda vou ficar muitas vezes em São Paulo, ainda vou à Bahia, ainda vou a Sergipe, ainda vou a Alagoas, ainda vou ao Amazonas, e vou ter dois debates com o 'genocida'", afirmou.

Após falar que deve participar dos confrontos na TV, o presidente do Brasil entre 2003 e 2010 disse que vai "colocar muito repelente no corpo com medo de uma mordida" de Bolsonaro. "Ele disse numa entrevista para o New York Times que ele teria coragem de comer carne de índio. Se ele pensar em dar uma mordida no pernambucano, ele vai morrer envenenado", completou. Houve outras críticas à gestão de Bolsonaro durante o discurso.

Cultura, meio ambiente e pautas igualitárias


Lula estava acompanhado de vários apoiadores, dentre políticos e artistas. Um deles era o cantor Chico Buarque, e o candidato prometeu a recriação do Ministério da Cultura.



Posteriormente, o ex-presidente retomou com assuntos abordados por ele corriqueiramente: pautas igualitárias de gênero, defesa de povos originários e defesa do meio ambiente, com menção breve à Serra do Curral: "Vai ter um cuidadinho especial", disse, sobre o cartão-postal de BH, ameaçado pela mineração.

Lula retornou a São Paulo após o ato em BH, mas deixou o caminhão de som com uma mensagem esperançosa aos milhares de apoiadores: "Até a vitória, se Deus quiser", afirmou, ao encerrar o comício. Antes de Lula, falaram no caminhão de som: Reginaldo Lopes (PT-MG), deputado federal; Marília Campos (PT), prefeita de Contagem; Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT; e Chico Buarque, músico.

O segundo turno da eleição presidencial será realizado em 30 de outubro. Minas, estado tido como chave na disputa presidencial, é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 12.655.228 eleitores no primeiro turno, atrás somente de São Paulo - com 27.189.714 votos.