Jornal Estado de Minas

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Novo suspende Bartô, que presenciou prisão de homem por 'jogar ovos'

A direção do Partido Novo em Minas Gerais afirmou, nesta quinta-feira (13/5), que o deputado estadual Bernardo Bartolomeo, o 'Bartô', está suspenso da legenda. Ele é alvo da Comissão de Ética do diretório nacional após presenciar a prisão de Filipe da Fonseca Cezario, em Belo Horizonte, durante um ato favorável ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).



Leia no Opinião sem medo: Ou o Novo expulsa Bartô do partido ou pode mudar nome para Arena
 
 

Bartô estava na manifestação e, ao lado de policiais militares, subiu ao apartamento de Filipe. O homem, de 32 anos, foi acusado de atirar ovos em bolsonaristas que passavam pela Avenida Afonso Pena, no Centro da capital mineira. Ele ficou detido até a noite do mesmo dia.

No vídeo que mostra o momento da detenção, é possível ver o acusado e seus amigos solicitarem — sem serem atendidos — mandado justificando a ação e a suposta gravação citada pelos agentes como justificativa para o flagrante. O parlamentar do Novo acompanhou a operação do corredor do 11° andar do prédio em que Filipe reside.

“O Partido Novo preza pelo rigor e seriedade na aplicação de penas por descumprimentos éticos. Os mandatários do Novo têm um termo de compromisso assinado com o partido que reforça os compromissos do estatuto, válido para todos os filiados. Não apenas seus mandatários, mas também os filiados e dirigentes, têm o dever de se portar de forma ética, legal e moral. Neste momento, o deputado Bartô está com sua filiação suspensa”, diz comunicado enviado ao Estado de Minas pelo presidente estadual do Novo, Ronnye Antunes.





O diretório estadual do Novo vai seguir a decisão adotada pela Comissão de Ética. Na semana passada, o Estado de Minas mostrou que Bartô deve ser expulso do partido.

A reportagem procurou o parlamentar por meio de sua equipe de comunicação. Segundo o staff de Bartô, ele não recebeu comunicado informando a suspensão.

Internamente, a situação de Bartô é vista como delicada. Ainda há a “ficha corrida” como agravante. Em 2019, ofendeu, em um grupo interno de WhatsApp, a vereadora belo-horizontina Marcela Trópia, então assessora do deputado Guilherme da Cunha na Assembleia Legislativa. À época, ele recebeu advertência pública da agremiação. 

Nos prints das conversas, há diversos ataques à correligionária. Ele chega a acusá-la de ter “furado a camisinha”. 

Na prisão de Filipe Cezario, é Bartô o responsável por “intermediar” a comunicação entre os policiais e outros espectadores da cena. Em determinado momento, quando o rapaz é conduzido ao elevador, sua namorada, Andreza Francis, pergunta para qual delegacia o rapaz seria levado. Ela não obtém resposta dos policiais, que só informam o endereço após pedido do deputado.




Bartô é crítico de Zema e poderá apresentar defesa


 
Na Comissão de Ética do Novo, o parlamentar mineiro poderá se defender das acusações. Ao anunciar a abertura de sindicância, a direção nacional classificou a postura do político como “vergonhosa” e “deplorável”.

Embora seja correligionário do governador Romeu Zema, Bartô não é um dos deputados mais afeitos ao atual gestor do estado. Em um dos mais recentes episódios, em dezembro do ano passado, o deputado chamou de “mentiroso” o então secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy Reis. 

Deputado em primeiro mandato, ele recebeu 31.991 votos em 2018. O parlamentar também será alvo da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia.

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