Jornal Estado de Minas

PRECONCEITO

PMs que abordaram ciclista negro dizem que ele parecia 'oferecer risco'

Os policiais militares que abordaram o ciclista Filipe Ferreira em uma praça prestaram depoimento ao Ministério Público na tarde desta segunda-feira (7/6), no município de Cidade Ocidental, localizado no entorno do Distrito Federal. Segundo o promotor de Justiça Luis Antônio Ribeiro, os policiais alegaram que o jovem parecia oferecer risco e que seguiram os procedimentos legais estabelecidos pela corporação.





 

“Os policiais alegaram que seguiram os procedimentos legais de padrão da corporação e que, aparentemente, o jovem oferecia risco pela movimentação de suas mãos”, disse o promotor.


O ciclista Filipe Ferreira, de 28 anos, também prestou depoimento na tarde desta segunda-feira e disse estar aliviado pelo caso ser investigado. 

“Me sinto melhor sabendo que tem gente me ajudando. Mais confiante. Seguro ainda não me sinto, segurança na rua está complicado, mas estou mais aliviado”, afirmou ao portal G1.

O promotor informou ainda que o próximo passo da investigação é determinar a responsabilidade de cada policial envolvido. Caso seja pertinente, ele disse que a denúncia criminal pode ser ajuizada até terça-feira (8/6).





Filipe fazia manobras com uma bicicleta e sua câmera registrou a abordagem policial. Os PMs descem do carro apontando armas para ele e exigindo que ele coloque as mãos na cabeça.

A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) publicou nota de repúdio e alegou que a ação teve “nítidos contornos racistas” e a considerou “inadmissível” de ser tolerada.

Revolta nas redes sociais

Filipe estava gravando imagens de manobras de bicicleta para postar em seu canal do Youtube, quando uma viatura policial chegou.
 
 

Um militar exaltado desce do veículo e dá ordem para que o ciclista coloque as mãos na cabeça. Ao ser questionado sobre o motivo da abordagem, o policial saca a arma e aponta para o Filipe, que não representa nenhuma ameaça.

O policial fica ainda mais desequilibrado quando é questionado pelo ciclista sobre o motivo de estar apontando uma arma para a sua cabeça. “Este é o procedimento, coloca a porra da mão na cabeça”, diz o PM.





Filipe chegou a tirar a camisa para mostrar que não estava armado. Mesmo assim, a ordem do policial foi para que ele virasse de costas para ser algemado. Ele questionou a necessidade de ser algemado, quando foi novamente ameaçado pelo militar, que ainda afirmou “este é o meu procedimento”.

O vídeo chegou a ultrapassar 5,9 milhões de visualizações e 140 mil curtidas em uma das publicações e gerou revolta nas redes sociais. Várias pessoas classificaram a atitude dos policiais como racista e truculenta. Enquanto isso, outros afirmavam que o procedimento dos policiais estava correto. 
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira 

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