Jornal Estado de Minas

CHECAMOS

Lula prestou, sim, homenagem com flores em visita ao Museu do Holocausto em Israel

Após a ofensiva surpresa do Hamas contra Israel no último dia 7 de outubro, voltou a circular nas redes sociais um vídeo com a alegação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria se recusado a deixar flores no Museu do Holocausto ao visitar o país em 2010, durante o seu segundo mandato. Apesar das afirmações feitas na gravação compartilhada mais de 30 mil vezes desde 9 de outubro de 2023, o mandatário fez uma homenagem floral no memorial, como registrado em fotografias pela AFP.

'Lula colocou flores para líder palestino e recusou colocar flores para vítimas do Holocausto', diz a legenda de uma das publicações com o vídeo no Facebook, no Instagram, no TikTok e no X (antes Twitter).





Na sequência é possível ver um homem que diz, em português, que quando Lula fez uma visita oficial a Israel e foi levado ao Museu do Holocausto, ele teria se recusado a colocar flores, gesto tradicionalmente feito por chefes de Estado no local.

O conteúdo, que circula desde 2018, já foi verificado anteriormente pela AFP. 

As publicações voltaram a ser difundidas após uma ofensiva surpresa do Hamas contra Israel na madrugada de 7 de outubro de 2023. Até o momento, o confronto deixou 1.200 mortos em território israelense e 1.055 mortos após bombardeios contra Gaza.





Após vencer as eleições presidenciais de 2022, Lula deu início em 2023 ao seu terceiro mandato como presidente. Nessa sua volta ao cargo, o mandatário ainda não visitou Israel, conforme pode-se observar na agenda presidencial e na seção de assuntos vinculados a compromissos internacionais.

Uma busca pelos registros da Biblioteca da Presidência da República de viagens internacionais realizadas por Lula em seus dois primeiros mandatos (1, 2) mostram que ele realizou somente uma viagem oficial ao país, em 2010. 

Na ocasião, Lula visitou o Museu do Holocausto (Yad Vashem), em 16 de março.

O banco de imagens da AFP contém registros fotográficos (1, 2, 3) dessa visita. Nas fotos é possível observar que o presidente prestou homenagem às vítimas com uma coroa de flores.





O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coloca uma coroa de flores no Museu do Holocausto, em Jerusalém, em 16 de março de 2010 (foto: GALI TIBBON - AFP)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta homenagem no Museu do Holocausto, em Jerusalém, em 16 de março de 2010 (foto: GALI TIBBON - AFP)

O momento em que Lula deposita as flores também foi registrado em vídeo pela TV Brasil, como mostrou uma busca no Google pelos termos 'Lula Yad Vashem'.

Como reportado pela AFP em 2010, para a visita de Lula, a Chancelaria israelense programou uma visita ao túmulo de Theodor Herzl, fundador do movimento sionista que deu origem a Israel. A visita, porém, não ocorreu.

Segundo a imprensa local (1, 2), por essa razão, houve descontentamento por parte do então ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.





No dia seguinte à ida ao Museu do Holocausto, Lula visitou o túmulo do líder palestino Yasser Arafat em Ramallah, como mencionado nas gravações viralizadas.

Conflito em 2023

Logo após a recente ofensiva do Hamas contra Israel, Lula se manifestou nas redes sociais. Em sua conta no X, o presidente disse estar 'chocado com os ataques' e que repudia o terrorismo em 'qualquer de suas formas'

Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas.



O Brasil não poupará esforços para...

— Lula (@LulaOficial) October 7, 2023

O presidente também fez um apelo ao secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, e à comunidade internacional para uma maior atenção e proteção às crianças do Oriente Médio. 

O conflito entre Israel e o Hamas provocou uma enxurrada de desinformação nas redes sociais, incluindo fotografias e vídeos fora de contexto, ou anteriores ao confronto, que foram verificadas pelo AFP Checamos e podem ser consultadas aqui.

Referências