Jornal Estado de Minas

TRAGÉDIA COTIDIANA

Anel Rodoviário registrou mais de 2 acidentes com vítimas por dia em 2022

O caos no trânsito de Belo Horizonte na última terça-feira (7/2) provocado por mais um acidente com mortes no Anel Rodoviário se soma a uma estatística trágica para a mobilidade urbana e a segurança de quem circula pela capital mineira. A via, que além de ligação com rodovias interestaduais, é usada como alternativa para locomoção dentro da cidade teve, no ano passado, uma média de dois acidentes com vítimas por dia.





Os dados foram fornecidos pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e mostram que o ano de 2022 registrou uma média de 61 acidentes com vítimas por mês nos pouco mais de 27 quilômetros do Anel Rodoviário. 

A estatística contabiliza todos os acidentes que tiveram vítimas. Quando o dado leva em conta apenas as mortes na via, a conta chega em aproximadamente um falecimento a cada seis dias em 2022.

Neste ano, o cenário não se apresenta de forma diferente. Na noite de segunda-feira (6/2), um acidente envolvendo quatro veículos ocasionou a morte de um pedestre e do motorista de um carro, prensado por uma carreta. As consequências no trânsito da capital foram sentidas até a tarde do dia seguinte, já que foram necessárias 14 horas para a liberação do Anel Rodoviário.

Para o engenheiro civil e consultor em transporte e trânsito, Silvestre de Andrade, o número de acidentes registrados no Anel Rodoviário é um indicativo da situação precária da estrutura, da falta de ações de prevenção e também da característica do tráfego na via.





“É um número espantoso. É muito acidente principalmente porque é com vítima, então daí você pode inferir que há pessoas ou com sequelas e algumas delas graves, ou até mesmo pessoas que faleceram nessa circunstância. É um número absurdamente alto, todo mundo que trabalha em segurança de trânsito trabalha com a consciência do acidente zero, então qualquer número acima disso já é alto”, avalia.

Em 2022, os meses de julho e outubro lideraram os registros de acidentes com vítimas no Anel Rodoviário, com 85 e 82 ocorrências, respectivamente. O mês com menos casos foi janeiro, com 33, ainda assim, mais de um por dia. Em todo o ano, foram 732 sinistros com vítimas e 60 mortes.

Veja os registros de acidentes com vítimas mês a mês:

  • Janeiro - 33
  • Fevereiro - 51
  • Março - 65
  • Abril - 49
  • Maio - 68
  • Junho - 59
  • Julho - 85
  • Agosto -58
  • Setembro - 66
  • Outubro - 82
  • Novembro - 52
  • Dezembro - 64


“Esses números mostram a necessidade de se fazer ações e é incompreensível como se faz relativamente tão pouco para a quantidade de problemas que existem no anel. Não dá para dizer que não tem nenhuma intervenção porque se colocou radar,  foi feita a área de escape, mas as ações são feitas a conta-gotas. A engenharia é uma ferramenta, mas você tem que trabalhar com fiscalização e educação de trânsito para reduzir esses dados de acidentes”, complementa Andrade.