Jornal Estado de Minas

LAGOINHA

PBH limpa local que foi classificado por aplicativo como 'Cracolândia'

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) limpou o local que havia sido classificado como "Cracolândia" pelo 99 App, no bairro Lagoinha, na Região Noroeste, nesta quinta-feira (29/12). A situação havia gerado revolta por parte dos moradores, que acreditam que o termo não abraça a pluralidade cultural do “berço” da capital mineira.





A limpeza foi percebida pelas pessoas que passavam pela rua Comendador Nohme Salomão na tarde de hoje, porém a ação de higiene é rotineira, de acordo com a PBH. 

Por outro lado, para o professor e advogado Daniel Queiroga, autor do livro "Nossas ruas, nosso patrimônio (in)visível: Dicionário toponímico da região da Lagoinha”, esse tipo de ação da prefeitura é necessária, mas pouco eficiente para os problemas da região.

“A Lagoinha precisa de um processo de ‘reurbanização’, precisa de leis que incentivem a ocupação do bairro, porque lugar vazio é espaço para a criminalidade e desordem. As pessoas precisam se sentir seguras ao usar as ruas, e a prefeitura apenas lavar a rua é ‘tapar o sol com peneira’”, argumenta o advogado.





Em nota, a prefeitura informou que a via recebe coleta domiciliar três vezes por semana, às terças, quintas e sábados, no período noturno. A rua também recebe uma varrição quinzenal, além de um reforço na limpeza, três vezes por semana. Nenhuma ação especial foi realizada nos últimos dias.

Classificação foi ajustada

Classificação como 'Cracolândia' contribui para estigmatizar a região (foto: Daniela Mundim/Divulgação)
Em nota enviada ao Estado de Minas, na última sexta-feira (23/11), a 99 App Informou que a denominação da região havia sido ajustada, fato comprovado pelos moradores da região. A empresa ainda reforçou o compromisso em ser “a melhor opção de mobilidade urbana para as pessoas”, pontuando que tem “uma política de tolerância zero a qualquer tipo de discriminação”.
No entanto, esse tipo de classificação contribui para estigmatizar a região que muitas vezes é rotulada negativamente. “É um prejuízo gigantesco para a comunidade quando um aplicativo de corrida tacha a região com um termo tão pejorativo”, refletiu uma moradora que preferiu não se identificar na época.

*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata