Jornal Estado de Minas

ANTIVACINA

Médica denuncia tratamento de 'desvacinação' em Minas Gerais


A médica Júlia Rocha relatou por meio das redes sociais, no último dia 20 de dezembro, a denúncia que uma paciente fez ao contar que médicos no interior de Minas estão promovendo tratamentos de “desvacinação”. O procedimento consiste na dosagem de 100 mil UI de vitamina D por três dias, além do uso de Ivermectina.  

Na mensagem publicada no perfil do Twitter da médica, o tratamento tem como público alvo as pessoas que ao fazer viagens internacionais precisaram tomar doses de vacina. O post viralizou e já foi visto mais de um milhão de vezes, com outras pessoas comentando a situação.





Para o médico infectologista Leandro Curi, tratamentos “charlatões” se tornaram um grande problema quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) defendeu a liberdade prescritiva de médicos no Parecer 4/2020, que condicionava o uso de cloroquina e hidroxicloroquina a critério médico e consentimento do paciente.

“Isso abriu espaço para tratamentos que prometem maravilhas ou resultados que não são sacramentados pela ciência. Tem gente que prefere usar o carimbo para fazer procedimentos pouco eficazes, pouco efetivos ou com pouco estudo a respeito. A dica é pesquisar bastante sobre o seu médico”, ressalta Leandro.

O excesso de vitamina D aumenta a captação intestinal de cálcio e podendo resultar em hipercalcemia - quando os níveis de cálcio no sangue estão elevados -, causando sintomas como náusea, vômitos, fraqueza, anorexia, desidratação e levando quadro agudo insuficiência renal.





O Estado de Minas procurou o CFM para um posicionamento sobre o caso denunciado pela médica, mas até o fechamento da matéria ainda não havia uma resposta.

Vacinação e pandemia

Os dados da pandemia de COVID-19 em Minas Gerais, divulgados pelo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta terça-feira (27/12), revelam que nas últimas 24h foram confirmados 6.944 novos casos e 22 mortes.

Leandro assume que desconhece o termo “desvacinação”, mas ressalta que a “batalha” é reforçar a importância de todas as vacinas. “Vimos nos últimos três anos o quanto as vacinações são fundamentais para restabelecer a saúde pública. Assim como a maioria está vivo e sem sequelas de poliomielite e sarampo, graças à imunização”, explica o infectologista.

Segundo dados do Vacinómetro em Minas, atualizados nesta terça-feira, 64,51% do público alvo da campanha de vacinação contra COVID-19 foi imunizado com pelo menos a 1ª dose de reforço (terceira dose), enquanto o esquema de vacinação foi completado com a 2ª dose de reforço (quarta dose) por apenas 44,73%.

Já na cobertura vacinal em crianças, que contempla grupos de 3 a 11 anos, 46,78% do público está com o esquema de duas doses completo e 64,67% tomou pelo menos a primeira dose.

Na última semana de 2022, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que a vacinação na capital segue funcionando normalmente nos centros de saúde das nove regionais.

*Estagiário sob supervisão