Jornal Estado de Minas

CÁRCERE PRIVADO

'Objetivo do sniper não é matar': diz especialista em segurança pública

O resgate de uma criança de 7 anos e de um jovem de 23 anos que ficaram por cerca de 15 horas em cárcere privado, no bairro Parque São Pedro, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, só foi concluído após a atuação de snipers da equipe tática do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar de Minas (PM). 





Para o especialista em segurança pública Jorge Tassi, o resultado da operação mostrou uma “excelência” e um “controle de força” da corporação. Ele explicou que o grupo de atiradores de elite só entra em ação após todas as tentativas de negociações com o suspeito se esgotarem. Tassi afirma que a participação do Bope ocorre no momento do "ultima ratio”, ou seja, no momento final.

“Na minha avaliação, certamente a negociação só se estendeu tanto tempo porque o intuito da Polícia Militar jamais foi a fatalidade do suspeito. Na minha percepção, o intuito era tentar preservá-lo, e isso demonstra a grandiosidade da operação”, diz. 

Ainda segundo o especialista, o disparo de alta precisão é liberado quando a confiança entre negociador e suspeito não é atingida ou é rompida, o que acaba aumentando o risco para as vítimas e os policiais.





Após Leandro Mendes Pereira, de 39 anos, ser atingido, a porta voz da PM, major Layla Brunella, afirmou que o suspeito teve acesso a informações externas sobre a ex-companheira, o que fez com que ele ficasse nervoso e ameaçasse “diretamente” a vida do menino de 7 anos. 

Leandro foi atingido no rosto, resgatado e levado para o Hospital João XXIII. De acordo com Jorge Tassi, o fato de o suspeito ter sobrevivido ressalta, ainda mais, como a operação foi bem executada. 

“O objetivo do sniper não é matar. Ele tem o objetivo de salvar a vítima e tirar a capacidade do suspeito de reação”, conclui.

Relembre o caso


Leandro Pereira não aceitava o fim do relacionamento com Andresa Wenia Pereira Mendes e fez o filho da ex-companheira, de 7 anos, e um amigo da família, de 23, de reféns desde as 18h de ontem. Eles estavam na casa da mãe da criança, no bairro Parque São Pedro, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

O casal se separou há cerca de dois meses e são primos de primeiro grau. Andresa chegou a voltar para casa na noite de quarta e brigou com o ex-namorado, mas conseguiu fugir. Ela se sentiu mal depois de sair da residência e precisou ser socorrida.