Jornal Estado de Minas

DIA COMPLICADO

Hospital Júlia Kubitschek: setor de pneumologia tem atendimento reduzido

Com a reabertura do Pronto Atendimento (PA) do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, outro setor da unidade de saúde pode ter o serviço prejudicado. É o que aponta uma denúncia do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG).



Por causa de um remanejamento de médicos, já noticiado, os atendimentos no ambulatório de pneumologia devem cair pela metade, com suspensão temporária de primeiras consultas a partir desta quarta-feira (20/07). 

Com o cenário, pacientes estão sendo dispensados nesta manhã, segundo a diretora-executiva do Sind-Saúde/MG, Neuza Freitas. “Eles estão tirando os médicos da pneumologia para atender na unidade de emergência. Com isso, estão pedindo para que os técnicos de enfermagem peçam para que as pessoas voltem para casa”, disse, considerando que os profissionais não teriam autonomia para isso. 

“Uma trabalhadora no setor desceu aqui preocupada porque eles estão recebendo essa ordem”, concluiu. 

Janicélia Rodrigues é a técnica de enfermagem lotada no ambulatório de pneumologia do hospital. Conforme disse ao Estado de Minas, médicos pneumologistas teriam que reduzir a carga horária no setor para atendimento na unidade de emergência. Ela recebeu, inclusive, um ofício atribuído à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) que afirma a necessidade de remanejamento para cumprimento da demanda. 





“Eles vão reduzir o serviço, sendo que o Júlia é referência em várias doenças raras relacionadas ao pulmão, como a fibrose cística. Então o número de atendimentos vai diminuir pela metade, além da suspensão das primeiras consultas”, avaliou, afirmando que a situação tem impactado pacientes, inclusive do interior, que estavam com atendimento marcado há mais de 15 dias. 

“Essas primeiras consultas são encaminhadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) por um sistema de regulação, quando as pessoas procuram os postos por um especialistas e são encaminhadas para o Júlia. Mas o documento que confirma o serviço é enviado entre 15 a 20 dias antes”, concluiu.

Remanejamento teria sido necessário

Diretor do Julia Kubitschek afirma que o hospital suspendeu apenas as primeiras consultas, ou seja, pacientes novos que foram encaminhados pelo município para a unidade (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press)

Segundo o diretor do Júlia Kubitschek, Samar Musse Dib, a unidade precisou remanejar médicos do ambulatório de pneumologia para a abertura da unidade de emergência, que estava fechada há dois anos. "Diante do momento e da necessidade de reabertura do pronto-atendimento foi necessário fazer o remanejamento de profissionais de outras áreas. Com isso, houve a necessidade de diminuição de algumas consultas", explica.





Ele afirma que o hospital suspendeu apenas as primeiras consultas, ou seja, pacientes novos que foram encaminhados pelo município para a unidade. "As demais consultas iremos fazer um ajuste. Vai ter uma diminuição, mas nós vamos continuar o atendimento daqueles que já são regulares aqui. Pode ser que aumente um pouco o tempo entre as consultas", disse.

A unidade, porém, não tem previsão para retomar os atendimentos de primeiras consultas. "Estamos vendo o cenário que a gente consegue, mas não consigo dar uma data exata", conclui o diretor do hospital.
 
Em nota, a Fhemig reafirmou que o remanejamento foi necessário para completar a escala para o retorno do atendimento e que, com isso, foi preciso suprimir “temporariamente as primeiras consultas do ambulatório oferecidas pelo HJK”. A fundação afirma, ainda, que os pacientes que já fazem acompanhamento continuarão o tratamento na unidade. 





“A expectativa é ampliar, em breve, o número de médicos para ofertar o pronto atendimento sem necessidade de remanejamento”, concluiu. 

Cenário preocupa pacientes

Geralda Maria da Silva está preocupada com o fechamento do ambulatório, já que sua tia, de 89 anos, tem consulta marcada para o dia 27 (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press)

A técnica em radiologia e enfermagem, Geralda Maria da Silva, 63, está preocupada com o fechamento do ambulatório, já que sua tia, de 89, tem consulta marcada para o dia 27. "Me avisaram que para abrir o pronto-socorro vai ter que fechar a pneumologista. Nunca vi isso. Vai resolver um problema e arrumar outro", declarou.

Segundo Geralda, a tia faz tratamento na unidade há mais de 20 anos. "Ela é asmática, tem vários problemas respiratórios. Tem consulta agendada sempre de 6 em 6 meses. Fiquei sabendo em cima da hora, agora estou preocupada", disse.

Reabertura 

Fechado desde 2020, o Pronto Atendimento (PA) do Hospital Júlia Kubitschek (HJK) foi reaberto nesta quarta. No início da pandemia, a unidade interrompeu o serviço para que leitos fossem direcionados ao atendimento de pacientes com COVID-19, ficando 100% voltado ao enfrentamento da doença durante o período. 





De acordo com a Fhemig, o processo de retomada da unidade de emergência do hospital tem sido gradativo e planejado. Em maio deste ano, houve abertura de 30 leitos de enfermaria “para atendimento de retaguarda”. 

Em nota enviada nessa terça (19/07), a fundação disse ainda que o atendimento seria retomado em um processo de readaptação de equipes e da rotina assistencial. Desde janeiro, foram abertos 12 editais para o complexo de especialidades, do qual o HJK faz parte. Desta forma, foram contratados 16 médicos com carga horária de 12 horas semanais.