Serra do Curral: ciclistas protestam em BH contra mineradora

Ciclistas endossaram coro pela preservação da Serra do Curral. Em manifestação neste domingo (8), grupos se reuniram para um abraço simbólico no cartão-postal da capital e levantaram questionamentos sobre os riscos ambientais da mineração que teve licença aprovada na última semana, mas também sobre o impacto no turismo e lazer que a serra proporciona.

Grupos de ciclistas da Região Metropolitana de Belo Horizonte se encontraram por volta das 8h na Praça da Liberdade, Centro-Sul de capital, e pedalaram até a Praça do Papa, no sopé da Serra do Curral.

Com cerca de 200 pessoas, o movimento usou como mote a campanha "Tira o pé da minha serra" e reivindicou o uso da área verde como ponto para lazer e prática de esportes. Para Wolfgang Montes, do grupo Sagrado Pedal, a mobilização dos ciclistas pela conservação da Serra do Curral foi um movimento natural.

"Logo que começaram a ventilar a possibilidade de aprovação de mineração, os grupos começaram a se mobilizar, discutir entre nós de fazer uma manifestação nesse sentido mesmo. Pela admiração pela Serra, não só pela preservação da natureza, mas porque somos usuários dela. Temos experiências com mineração que vão fechando vão cortando as possibilidades de lazer, esportivas e até de provas internacionais", conta.

 O advogado Gilberto Gonçalves, 51, é um dos organizadores do movimento e ressalta que a manifestação não é contrária à mineração, mas prega que a atividade seja feita de forma segura e sustentável.

 "A gente não é contra a mineração, a gente se opõe a mineração predatória e sem uso de tecnologia. A mineração é uma atividade que movimenta bilhões por ano, então tem que investir em tecnologia para não gerar mais feridas como a de Brumadinho e Mariana", aponta.

 

Potencial turístico

“O ciclismo preza muito pelo turismo ecológico e pela preservação ambiental, então o movimento também traz essa questão. Nós entendemos que essa mineração vai acarretar prejuízo para toda a cidade e áreas adjacentes”, afirma a professora Gabriela Lares, 43, integrante do grupo “Amigas do Pedal”.

 

A fala de Gabriela foi repetida em uníssono pelos ciclistas que participaram do movimento. Além de se posicionar contra a mineração, os manifestantes ressaltaram que existe um potencial turístico pouco explorado na Serra do Curral, o que seria uma maneira sustentável de obter ganho financeiro com a área.

 

Se referindo à fazenda onde a Taquaril Mineradora S.A. (Tamisa) pretende minerar, o advogado Gilberto Gonçalves sugeriu a criação de um atração para turismo esportivo e geração de renda para a população local, por exemplo.

 

“Se você pegar a fazenda Ana da Cruz e fizer um bike parque, imagina o que pode ter de ecoturismo e turismo de aventura ali. Aquilo ali é uma riqueza e não é só uma riqueza mineral, a gente pode usar a estrutura das cidades, movimentar o comércio. É uma forma de você aproveitar o meio ambiente de uma forma sustentável, que é o que as futuras gerações merecem, a gente está aqui só de passagem, mas a natureza é permanente”, aponta.

 

Líder do grupo “Gigantes da Montanha”, o caminhoneiro Carlos Roberto, 51, endossa os companheiros e diz que, como ciclista, não poderia deixar de se manifestar na causa pela Serra do Curral.

 

“Nós somos preservadores da natureza, nós não prejudicamos a natureza. Queremos juntar todos os ciclistas e reunir toda a população para preservar a serra, que é um patrimônio nosso”, afirma o líder do grupo baseado no Bairro Morada Nova, em Contagem.

 

Movimento apartidário

A organização do movimento pediu aos manifestantes que não levassem bandeiras de partidos políticos para a manifestação deste domingo. Além dos uniformes e faixas com os nomes dos grupos, apenas as bandeiras do Brasil e de Minas Gerais fizeram parte do ato.

 

Durante o abraço simbólico na serra, no entanto, houve manifestações contrárias ao governador Romeu Zema (Novo), que já se posicionou de forma crítica ao movimento que se opõe à instalação da Tamisa na Serra do Curral.