Após dois anos desde o início da pandemia da COVID-19, setores da saúde traçam planos para recuperar o atraso na cobertura vacinal de outras doenças. Em meio aos piores momentos da crise sanitária, a procura por vacinas contra o sarampo, por exemplo, foram postergadas.
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Embora com a cobertura ainda abaixo dos 95%, os últimos casos da doença na cidade foram registrados em 2020. À época, oito crianças contraíram o vírus.
“A vacinação contra o sarampo é importante, pois permite interromper a circulação ativa do vírus no país, minimizar a carga da doença e proteger a população, além de reduzir sobrecarga sobre os serviços de saúde em decorrência de mais esse agravo”, comenta a coordenadora Estadual do Programa de Imunizações, Josianne Gusmão.
Segundo o Boletim Epidemiológico nº 53 do Ministério da Saúde, foram confirmados 668 casos da doença no país no último ano. Em Minas Gerais, foram registrados 160 casos em 2019 e 24 em 2020. De 2021 até o momento não foram notificados casos da doença no estado.
Pandemia e atrasos na vacinação
Embora os casos de sarampo notificados tenham caído, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a queda na cobertura vacinal. De acordo com um relatório publicado em novembro, mais de 22 milhões de crianças perderam sua primeira dose da vacina contra o sarampo durante o primeiro ano de pandemia - 3 milhões a mais do que em 2019.
“Quando se tem uma queda vacinal, todo um avanço da medicina pode se perder”, pontua o infectologista Estevão Urbano. “Agora que já estamos com uma grande massa de pessoas vacinadas contra a COVID-19, é completamente seguro que as pessoas vão aos postos e recuperem esse tempo perdido”, completa.
Em 2020 foram confirmados no Brasil 8.448 casos da doença. Em 2021, foram registradas duas mortes infantis em decorrência do sarampo no país “ Uma com 7 meses de idade, não vacinada (com orientação da Dose Zero em estados com surto) e sem comorbidades, e a outra, com 4 meses de idade (não indicada vacinação por ser menor de seis meses)”, declarou o Ministério da Saúde.
Vacina segura
A campanha de vacinação é voltada para crianças de seis meses a menores de 5 anos. No Brasil, o público alvo totaliza 12,9 milhões de crianças, além de trabalhadores da saúde que serão convocados para atualizar a situação vacinal.
“É uma vacina completamente segura e efetiva”, enfatiza o infectologista. Para aqueles que questionam a faixa etária, Urbano explica que crianças são aquelas que têm a maior propensão de ter casos de sarampo caso não sejam imunizadas. “Se você já pode vacinar aquela faixa etária, porque correr eventuais riscos de uma criança ter um adoecimento sério e eventuais óbitos?”, questiona.
Sendo o sarampo uma doença grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, a vacina é a forma mais efetiva de preveni-la. “A transmissão do sarampo pode, inclusive, acontecer antes dos primeiros sintomas aparecerem no indivíduo infectado”, acrescenta Urbano.
Quanto à população adulta, aqueles que não tomaram as doses da vacina devem procurar um posto de saúde para completar a imunização. “Exceto adultos com imunossupressão grave, por se tratar de um vírus atenuado”, finaliza.
Em Belo Horizonte, a vacinação é realizada de segunda a sexta-feira nos centros de saúde do município. Os responsáveis pelas crianças devem levar a caderneta ou cartão de vacinação para conferência das doses aplicadas e uma melhor avaliação das pendências. Os endereços e horários de funcionamento dos centros de Saúde podem ser acessados no portal da PBH.