Jornal Estado de Minas

VACINAÇÃO COMEÇA HOJE

Com 72% das crianças vacinadas, BH não registra casos de sarampo há um ano

Após dois anos desde o início da pandemia da COVID-19, setores da saúde traçam planos para recuperar o atraso na cobertura vacinal de outras doenças. Em meio aos piores momentos da crise sanitária, a procura por vacinas contra o sarampo, por exemplo, foram postergadas. 





Começa esta semana, então, a 8ª Campanha Nacional de Seguimento contra o Sarampo. Entre os dias 4 de abril e 3 de junho, estados e municípios brasileiros colocam em prática os planos de ação para que a cobertura vacinal contra o sarampo chegue aos 95% - percentual estimado pelo Ministério da Saúde para que a circulação do vírus seja interrompida. 

Belo Horizonte embarca na campanha e, segundo a Secretaria de Saúde Municipal, a previsão é que 117 mil crianças sejam vacinadas nos próximos dias. Atualmente, a cobertura vacinal contra o sarampo na capital mineira está em cerca de 72%. 



Embora com a cobertura ainda abaixo dos 95%, os últimos casos da doença na cidade foram registrados em 2020. À época, oito crianças contraíram o vírus. 





“A vacinação contra o sarampo é importante, pois permite interromper a circulação ativa do vírus no país, minimizar a carga da doença e proteger a população, além de reduzir sobrecarga sobre os serviços de saúde em decorrência de mais esse agravo”, comenta a coordenadora Estadual do Programa de Imunizações, Josianne Gusmão. 

Segundo o Boletim Epidemiológico nº 53 do Ministério da Saúde, foram confirmados 668 casos da doença no país no último ano. Em Minas Gerais, foram registrados 160 casos em 2019 e 24 em 2020. De 2021 até o momento não foram notificados casos da doença no estado. 
 

Pandemia e atrasos na vacinação 


Embora os casos de sarampo notificados tenham caído, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a queda na cobertura vacinal. De acordo com um relatório publicado em novembro, mais de 22 milhões de crianças perderam sua primeira dose da vacina contra o sarampo durante o primeiro ano de pandemia - 3 milhões a mais do que em 2019.





“Quando se tem uma queda vacinal, todo um avanço da medicina pode se perder”, pontua o infectologista Estevão Urbano. “Agora que já estamos com uma grande massa de pessoas vacinadas contra a COVID-19, é completamente seguro que as pessoas vão aos postos e recuperem esse tempo perdido”, completa. 

Em 2020 foram confirmados no Brasil 8.448 casos da doença. Em 2021, foram registradas duas mortes infantis em decorrência do sarampo no país “ Uma com 7 meses de idade, não vacinada (com orientação da Dose Zero em estados com surto) e sem comorbidades, e a outra, com 4 meses de idade (não indicada vacinação por ser menor de seis meses)”, declarou o Ministério da Saúde. 

Vacina segura


A campanha de vacinação é voltada para crianças de seis meses a menores de 5 anos. No Brasil, o público alvo totaliza 12,9 milhões de crianças, além de trabalhadores da saúde que serão convocados para atualizar a situação vacinal.





“É uma vacina completamente segura e efetiva”, enfatiza o infectologista. Para aqueles que questionam a faixa etária, Urbano explica que  crianças são aquelas que têm a maior propensão de ter casos de sarampo caso não sejam imunizadas. “Se você já pode vacinar aquela faixa etária, porque correr eventuais riscos de uma criança ter um adoecimento sério e eventuais óbitos?”, questiona. 

Sendo o sarampo uma doença grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, a vacina é a forma mais efetiva de preveni-la. “A transmissão do sarampo pode, inclusive, acontecer antes dos primeiros sintomas aparecerem no indivíduo infectado”, acrescenta Urbano. 

Quanto à população adulta, aqueles que não tomaram as doses da vacina devem procurar um posto de saúde para completar a imunização. “Exceto adultos com imunossupressão grave, por se tratar de um vírus atenuado”, finaliza. 

Em Belo Horizonte, a vacinação é realizada de segunda a sexta-feira nos centros de saúde do município. Os responsáveis pelas crianças devem levar a caderneta ou cartão de vacinação para conferência das doses aplicadas e uma melhor avaliação das pendências. Os endereços e horários de funcionamento dos centros de Saúde podem ser acessados no portal da PBH.