Jornal Estado de Minas

DENGUE, ZIKA, CHIKUNGUNYA...

Minas se prepara para enfrentar o Aedes aegypti

A chegada do período de chuvas traz um outro alerta quando se fala sobre saúde pública: as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Um animal minúsculo, capaz de causar graves problemas e até a morte.



LEIA TAMBÉM: Dengue: só uma região de BH está abaixo do índice de atenção

Dengue, zika vírus e chikungunya são nomes que também entraram no vocabulário popular nos últimos anos. Além da COVID-19 e da própria preocupação com o período das águas, as cidades de Minas Gerais começaram a se armar para mais uma batalha, que ganha novos contornos em meio à pandemia, porém, com igual atenção para evitar novas epidemias.
 
Os dados mais atualizados do governo de Minas foram tabulados em 10 de novembro (o levantamento tem sido feito mensalmente).
 
No boletim, o estado tem registrados como dengue:
Os números são menores que os registrados no ano passado, por exemplo, quando foram 84.636 casos prováveis e 15 mortes, longe dos cenários de epidemia registrados em 2010, 2013, 2016 e 2019.
 
Sobre o zika vírus, Minas tem:
Finalmente, chikungunya:
Mesmo com registros inferiores aos de outros anos, as secretarias de Saúde de todos os municípios, e a Secretaria Estadual (SES-MG) estão em alerta por causa do período de chuvas.




É a partir de agora até o começo de 2021 que o mosquito aproveita a água parada (suja ou limpa, é bom reforçar) para se reproduzir.
 
Em Unaí, no Noroeste, a queda no número de casos é de 78%. Ainda que não se possa comparar o ano de 2021 fechado, a avaliação da Secretaria de Saúde é que dificilmente o número será batido. Em 2020 todo, foram 1.434 registros de dengue na cidade. Até 23 de novembro deste ano, 312.
 
"Estamos com uma força tarefa passando por casas e limpando o entulho, pois nossa taxa de infestação está em 4,7% (leia mais sobre o que o número significa abaixo). Também contamos com o apoio da população para que faça sua parte e deixe as equipes de combate às endemias entrar nas residências. Sabemos que o período é complicado, por causa do coronavírus, mas esse é um trabalho também fundamental", explica o supervisor Geral do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Daniel Caetano.
 
A prefeitura, quando notificada de um caso positivo de dengue ou outras doenças trazidas pelo Aedes aegypti, monta uma equipe para borrifar o veneno próprio na rua da casa do morador, no quarteirão imediato e nas casas que ficam em frente a essas residências. 




Mutirões também são estratégia

Em Dom Bosco, no Noroeste, o dia 3 de dezembro será considerado Dia D contra o Aedes. A prefeitura vai colocar todas as equipes na rua para conscientizar a população sobre os riscos da água parada.

Nas últimas semanas, agentes de controle de endemias visitaram casas para identificar pontos chamados 'estratégicos' para a ação de dezembro.

Durante fiscalização em São Francisco de Sales, no Triângulo, equipes encontraram larvas do mosquito. Amostras foram enviadas para análise (foto: Prefeitura de São Francisco de Sales/Divulgação)

 
"Maior incidência de casos de dengue, zika ou chikungunya com risco de surto é de agora até o final de fevereiro", afirma Lucíola Vidal, secretária de Saúde de São Francisco de Sales, no Triângulo Mineiro.

Durante uma das fiscalizações, realizadas na última semana, a equipe encontrou larvas do mosquito em uma casa. Amostras foram colhidas e enviadas para análise, para confirmar se os mosquitos estão contaminados ou não.




 
Também no Triângulo, a cidade de Araporã vai fazer uma blitz nesta sexta-feira (26/11) na Praça Waldomira Neves Ferreira, no Bairro Alvorada, entre 8h e 11h. 

Na ação, a população será orientada a combater a dengue eliminando os criadouros do mosquito. Equipes da Vigilância Epidemiológica estão percorrendo os bairros para verificar se há pontos de acúmulo de água.
 
Divisópolis, no Vale do Jequitinhonha, faz até sexta-feira um mutirão de limpeza pela cidade, já que focos do mosquito contaminado foram encontradas. O trabalho segue por todo o dia, e a orientação é que a população ajude evitando armazenar objetos que acumulem água parada. 
 
Em Itinga, também no Jequitinhonha, caminhões também vão passar pelas ruas dos bairros para retirar materiais que os moradores não jogaram fora.

Amanhã, a equipe passará pelo Centro e Alto Santa Cruz, e assim segue até o dia 10 de dezembro. O Bairro Porto Alegre terá três dias seguidos de mobilização, na primeira semana do mês.




"A orientação é que os moradores coloquem tudo que não estão utilizando mais na rua, para que possamos recolher", informou a administração.

Risco elevado em várias regiões

Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, a prefeitura fez um levantamento que apontou que o índice de infestação pelo mosquito transmissor da dengue está em 6,3%.

O número foi conseguido por meio do Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), uma atividade que foi desenvolvida pelo Ministério da Saúde em 2002, que permite a identificação de áreas com maior proporção/ocorrência de focos, bem como dos criadouros predominantes.
 
O índice é considerado de alto risco. Os bairros Vila Império, Palmeiras, Jardim Pérola, Kennedy, Bela Vista, Fraternidade, Vila Ozanan, São José, Nossa Senhora de Fátima, Parque Olímpico tiveram números ainda piores: 10,1% de infestação do mosquito. 




 
Em Sete Lagoas, na região Central, o índice está em 2%. Apesar de menor que Valadares, é o dobro do preconizado pelo Ministério da Saúde para considerar que uma cidade não tem risco para doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
 
Uberaba, no Triângulo, também considera que houve uma queda significativa no índice de risco de contaminação, mas ainda muito elevado para os padrões determinados pelos órgãos de saúde. De março a outubro, a redução foi de 8,25% para 5,05%.
 
Varginha, no Sul, tem risco médio (mas o valor não foi informado). Os bairros com maiores números de criadouros foram o Parque Rinald, Parque Boa Vista e Sion.

A prefeitura faz, desde a semana passada, mutirões de limpeza nessas regiões. Em 2021, foram notificados 11 casos prováveis de dengue. Já no ano passado, foram 85 registros confirmados.




 
De acordo com o encarregado do setor de Vigilância Ambiental, José Donizeti Souza, nos imóveis visitados pelo Agente de Combate às Endemias, além do tratamento e eliminação dos focos, são recolhidos exemplares das larvas encontradas.

"Em parceria com outros órgãos municipais, estamos colocando tampas em caixas d'água de residências abandonadas ou de pessoas carentes, intensificando vistorias e combatendo o mosquito", contou.

COVID-19 preocupa, mas não deve ser empecilho

O superintendente de Vigilância em Saúde de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, José Renato Costa, considera que 2021 é um ano "interepidêmico".

Ou seja, o risco de haver recordes de casos, como nos anos anteriores, é praticamente inexistente. Mas ele alerta que as atenções precisam continuar.
 
Assim como em Unaí, o apelo é para que os moradores deixem os agentes de combate ao mosquito entrarem nas casas, tomando todos os cuidados para evitar a transmissão do coronavírus.




 
"É importante que as pessoas, mesmo com os cuidados necessários para evitar a COVID-19, possam no mínimo autorizar para que os agentes possam entrar pelo menos na parte externa da casa para fazer essa vigilância", aconselha.

Em Ipiaçu, no Triângulo, mutirões reduziram os casos de dengue para menos de 1% da população (foto: Prefeitura de Ipiaçu/Divulgação)

 
"Em tempos de pandemia de COVID-19, os municípios têm se desdobrado para impedir que a junção de duas viroses perigosas aconteçam. Tanto a dengue quanto o coronavírus oferecem muitos riscos e deixam sequelas significativas", complementa a secretária de Saúde de Ipiaçu, no Triângulo, Elaine Mussi, que acredita que haverá "mais vitórias do que derrotas" nas duas ações de combate (veja quais são os sintomas mais comuns de dengue abaixo).
 
A cidade, aliás, tem 15 registros confirmados de dengue este ano. "Isso significa menos de 1% da população. E a meta é erradicar esse dado, que a cada ano que passa diminuiu, mostrando assim uma ótima progressão do Setor de Endemias para a população ipiaçuense. Por isso, sempre alertamos, fazemos campanhas, para que cada um faça sua parte. E que continuemos a tomar os cuidados necessários", comemora Rita de Cássia, encarregada do Setor de Endemias.




 
Em Contagem, o número de casos confirmados de dengue caiu 76% até agora. No ano passado, foram 1.599. Até novembro de 2021, 379. Porém, quatro casos de chikungunya foram registrados (contra 3 no ano passado todo), e dois de zika vírus (contra 1 em 2020). Há também o registro de um paciente com febre amarela este ano.
 
A prefeitura tem realizado mutirões de limpeza nas regionais, e avalia a possibilidade de contratar um drone para que as casas fechadas possam ser fiscalizadas de forma mais efetiva.

Agora, em novembro, a administração faz as chamadas oficinas de territorialização, para maior integração das equipes dos agentes comunitários de saúde e de endemias com toda equipe da vigilância em saúde e atenção básica.

As oficinas, inclusive, vão terminar na criação de um Plano Municipal de Arboviroses, para combater não só o Aedes aegypti, mas também outras doenças que podem ser evitadas.

10 minutos contra o Aedes

A dengue, mais conhecida, é uma doença que tem aumento de casos entre dezembro e maio. A doença circula desde 1980 em Minas Gerais. Existem quatro tipos de vírus de dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4). 




 
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (de 39° a 40°C), que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. 

Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele.
 
A dengue, na maioria dos casos, tem cura espontânea depois de 10 dias. A principal complicação é o choque hemorrágico, que é quando se perde cerca de 1 litro de sangue, o que faz com que o coração perca capacidade de bombear o sangue necessário para todo o corpo, levando a problemas graves em vários órgãos e colocando a vida da pessoa em risco.
 
Não existe tratamento específico para a dengue. Em caso de suspeita, é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico, e a assistência em saúde é feita para aliviar os sintomas – e especialmente a hidratação.




 
O Ministério da Saúde tem um programa de orientação que consiste em uma análise que dura aproximadamente 10 minutos em sua própria casa. Entre as principais orientações, estão:
 

audima