Jornal Estado de Minas

COVID-19

BH: setor de eventos teme não conseguir fazer grandes festas ainda em 2021

A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou, nesta segunda-feira (1/11), que vai liberar a capacidade total de público em eventos a partir desta terça-feira. Ao longo do dia, a decisão dividiu opiniões no setor, em relação à liberação ser tardia ou no tempo certo, já que um evento pode levar cerca de dois meses para ser preparado.




 
As novas regras para os eventos, inclusive para os estádios de futebol, serão publicadas no Diário Oficial do Município e foram definidas pelos integrantes do Comitê de Enfrentamento à COVID-19, diante do avanço da vacinação em Belo Horizonte e da estabilidade nos índices epidemiológicos - medidos pelo percentual de ocupação de leitos e taxa de transmissão do coronavírus.
 
A partir desta liberação, não será mais exigida distância mínima nos bares e restaurantes, que poderão voltar a funcionar com a capacidade total.
 
Segundo o Diretor da Associação Brasileira dos Promotores de Evento de Minas Gerais (Abrape-MG) Leonardo Ziller, a decisão é tardia e ele não acredita que os produtores terão tempo de organizar eventos ainda em 2021. 
 
"Os estádios e as ruas estão aglomerados há semanas e qualquer produtor precisa de 6 a 8 semanas para organizar um evento de porte pequeno. Para contratar artista, promover e vender ingressos. Nós temos falado isso com a PBH há meses, precisamos de planejamento".




 
"Não é justo o Mineirão ter 30 mil pessoas e liberar os eventos como os teatros, buffets e festas só agora. A política pública da PBH foi a menos flexível do país e foi das únicas prefeituras que não deu nenhum tipo de incentivo ou subsídio para o setor mais prejudicado", afirma.
 
Na semana passada, em entrevista ao Estado de Minas, empresários, dirigentes e trabalhadores da área se queixaram de falta isonomia no tratamento dado aos setores e apontaram incoerência entre as normas fixadas para o funcionamento de estádios como o Mineirão e as regras impostas aos eventos sociais. 
 
Entre as pontuações, estava o possível favorecimento dado pela prefeitura aos jogos nos estádios. Entretanto, a PBH negou ter dado privilégios, além de afirmar ter concedido benefícios ao segmento, como parcelamento de impostos e lançamento de editais.




 
Para o presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee), Rodrigo Marques, a notícia foi boa. "A decisão é excelente e veio no momento certo. Acredito que todo setor já está com planejamento engatilhado para retomada dos eventos".
 
Apesar do otimismo, o diretor da Abrape-MG, acredita que não haverá tempo suficiente para os empresários se organizarem. "Com essa decisão hoje, 1º de novembro, 90% do setor não vai conseguir fazer evento esse ano, pelo tempo que leva para produzir um. Com isso, vamos completar 20 meses parados, sem nenhum tipo de incentivo".
 
Ele acredita que em janeiro será possível retomar os eventos de BH com mais tranquilidade. "Assim que nós conseguirmos nos organizar, os eventos com 100% do público devem voltar. Acredito que a partir de janeiro". 




 
Um dos maiores eventos de BH nos últimos anos é o carnaval e, para que a cidade consiga dar uma boa festa em fevereiro de 2022, Ziller afirma que é preciso um planejamento imediato. "Eu acredito que teremos o melhor carnaval de todos os tempos, desde a prefeitura dê apoio a partir de agora. Se não, também não vai dar tempo".
 
Os longos meses de fechamento devem ser recompensados com muitas festas em 2022, mas Leonardo Ziller mostra cautela. "A expectativa é razoável, porque fica difícil fazer projeções sobre uma situação nunca vivemos. Provavelmente no 1º semestre, serão os meses que BH terá mais festas e festivais da história. Resta saber como será a realidade de uma cidade que tem poucos turistas com essa quantidade de eventos". 
 
Rodrigo Marques também acredita que os próximos meses serão repletos de eventos. "As expectativas são as melhores possíveis, com experiência da retomada no interior, em BH, não vai ser diferente", finaliza.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira 


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