Jornal Estado de Minas

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Sistema anticolisão evita acidente com avião que operava rota para Confins

No mundo da aviação, todo e qualquer sistema que proporcione maior segurança aos tripulantes e passageiros é fundamental. Um deles é chamado de TCAS (Traffic Collision Avoidance System), conhecido no Brasil como Sistema de Prevenção de Colisão de Tráfego. E foi exatamente este instrumento que ajudou a afastar o risco de um acidente aéreo envolvendo um avião que fazia a rota entre Vitória e o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana.





O relato foi dado pelo piloto Luis Henrique Fernandino, que possui um canal no YouTube em que trata exatamente de dúvidas de internautas sobre o mundo da aviação. No episódio em questão, o comandante contou que decolou de Vitória, quando o sistema TCAS começou a emitir um alerta de que o avião estava em rota de colisão, obrigando o piloto a ganhar altitude para que fosse evitado um acidente.

"Estávamos decolando de Vitória. Passado algum tempo, já tinha tirado os cintos e tal, vindo para Confins, o avião começou a emitir "traffic, traffic, climb, climb (tráfego, tráfego, subir, subir)". Percebeu que vinha um outro avião em nossa direção", disse o piloto.

Caso o comandante não agisse, em questão de segundos poderia haver uma colisão no ar. Após subir, como o TCAS orientou, o avião passou pela outra aeronave que, antes, estava em sua rota, voltou ao nível em que estava. "Ele pediu para eu aumentar a minha razão de subida e eu aumentei até chegar na faixa verde, mantendo até a ultrapassagem. Quando o perigo passou, ele falou: "Clear of conflit". Você volta a continuar a subir ou a voar no seu nível", explicou.





O TCAS emite dois tipos de alerta: o primeiro, ele avisa que há um tráfego em uma bolha considerada "amarela", ou seja, um pouco mais distante, a ponto de procurar o provável tráfego e executar uma manobra para sair da rota da outra aeronave. O segundo é o aviso máximo, que é quando as aeronaves estão na mesma "bolha". O transponder, que é o localizador dos aviões, é utilizado para que os pilotos possam ser orientados pelo TCAS sobre qual a melhor ação, se é uma subida ou descida.

Mesmo quando um avião tenha o TCAS e outro não, a aeronave que tiver o instrumento recebe o alerta da mesma forma e faz o desvio, como aconteceu em janeiro deste ano em Curitiba, quando um Boeing da Gol Linhas Aéreas desviou de um avião do governo do Paraná que levava vacinas contra a COVID-19. Na ocasião, a aeronave do estado fez uma curva errada após a decolagem, porém estava com o transponder ligado, o que facilitou na identificação por parte do sistema do Boeing.

No caso do episódio do avião que pousou em Confins, o piloto Luis Henrique Fernandino relatou que uma comissária bateu as costas em um carrinho de comida durante a manobra de desvio e sentiu um pouco de dor. O comandante também afirmou que explicou para alguns passageiros após o voo o que tinha acontecido.





Acidente com Boeing da Gol em 2006


O TCAS ficou conhecido no Brasil após a colisão entre um Boeing da Gol e um avião executivo, pilotado por norte-americanos, em 2006. Na ocasião, o transponder e o TCAS do jato estavam desligados, o que fez com que o equipamento da Gol não conseguisse identificar a aeronave menor no ar.

O resultado da atitude dos pilotos do jato, modelo Legacy 600, fabricado pela Embraer foi uma colisão com o Gol, que teve metade da asa arrancada, provocando a desestabilização do Boeing, que caiu em uma floresta em Mato Grosso, causando a morte de 154 pessoas. O Legacy, por sua vez, teve uma pequena avaria na ponta de uma das asas e no estabilizador vertical. O equipamento conseguiu pousar na base de Serra do Cachimbo, no Pará. 

O jato fazia a rota entre São José dos Campos e Miami, com parada prevista em Manaus. O Boeing da Gol, por sua vez, saiu da capital do Amazonas e tinha Brasília como destino.

Piloto "mineirês"


Luis Henrique Fernandino também é conhecido pelo seu bom humor durante os voos. Em 2019, um vídeo viralizou nas redes sociais. Na ocasião, Luis estava operando a rota entre Salvador e Confins, quando passou a fazer uma apresentação "informal" para os passageiros, no melhor sotaque mineiro: 

"Vambora pra Confins, graza'Deus. Dormir em casa hoje. Tempo aqui tá bão e em Confins tá bão demais da conta", disse o comandante, provocando risada dos passageiros.






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