Os dois apontados por essas condutas são Daniel Augusto Cypriano, 35 anos, e Thiago Rodrigues Ribeiro, de 32, ambos condenados por crimes diversos. "O Thiago e o Daniel participaram do caso de Florestal e estavam naquele momento da apresentação aqui já na execução desse novo crime em Bom Despacho, tamanha é a audácia e a afronta deles contra o estado", afirma o delegado Ramon Sandoli.
Quando teve notícias do segundo caso, na última quinta-feira, imediatamente a Polícia Civil, via delegacia em Bom Despacho e também pela Delegacia Antissequestro do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), entrou na história. Na noite de sexta-feira os investigadores conseguiram estourar a casa onde o jovem era mantido refém, sem que houvesse pagamento de resgate e sem ferimentos causados ao morador de Bom Despacho.
Porém, apesar do desfecho positivo, a vítima ainda mantém o trauma na memória, já que foi constantemente ameaçada. "Eles ameaçaram minha família, falaram que ia me matar. Falaram que iam cortar meu dedo e mandar para minha tia. Colocavam a faca em mim", diz ele.
De acordo com Ramon Sandoli, esse tipo de terrorismo é uma forma de ação bem comum dos bandidos em casos de extorsão mediante sequestro. "A característica marcante dos casos de extorsão mediante sequestro é a violência psíquica que os autores fazem tanto no refém que está em cativeiro quanto nos familiares que são extorquidos. Essa violência agride a família e o refém colocando medo", diz o policial.
Por questões de segurança, a Polícia Civil não divulga muitos detalhes sobre a vida da vítima. O que já se sabe até então é que bandidos usaram um comércio de propriedade do jovem para iniciar a aproximação, vislumbrando a oportunidade de ganhar dinheiro com um possível resgate. "Não consigo dormir direito.
Entenda o caso
Tudo aconteceu na manhã da última quinta-feira. O jovem, que mora com a tia em Bom Despacho, foi até a porta para atender ao interfone quando foi surpreendido. Três pessoas, incluindo Lilian White Sodré Barbosa, de 29 anos, participaram da abordagem e anunciaram o sequestro. Ele foi colocado em um carro e viajou até Belo Horizonte, sentado no chão do carro atrás do banco do motorista com uma camisa na cabeça, para não ver para onde estava indo.
Para a tia do rapaz, os bandidos disseram que ligariam depois, o que foi feito já pedindo o resgate. Segundo a Polícia Civil, tudo tinha sido arquitetado por Daniel Augusto e Thiago Rodrigues, de dentro da Nelson Hungria. De acordo com o delegado Ramon Sandoli, pelo menos um celular foi apreendido com cada um na hora que eles eram levados para a delegacia para prestar os esclarecimentos sobre o caso de Florestal.
A Polícia Civil ainda apura as relações do imóvel escolhido na capital mineira como cativeiro, mas até o momento ele estaria ligado a uma segunda mulher presa pelo crime, que estava com Lilian no momento em que o local foi estourado. Sandra Cristina de Oliveira Belo, de 37 anos, é a segunda presa fora da cadeia pelo crime, mas as investigações ainda não terminaram.
A vítima relatou que pelo menos mais três homens ainda estiveram no cativeiro, sendo os dois que o tiraram de casa junto com Lilian e outro homem, que estava na companhia de Sandra. Os próximos passos da investigação buscam encontrar essas pessoas..